O Bloco de Esquerda quer que o Governo esclareça a supressão dos transportes alternativos na linha do Tua e consequente violação do plano de mobilidade imposto como contrapartida pela desativação da ferrovia para construção da barragem do Tua.
A deputada bloquista Catarina Martins dirigiu, segunda-feira, na Assembleia da República, várias perguntas por escrito ao Ministério da Economia sobre a suspensão desde 01 de julho dos táxis que asseguravam o transporte das populações do vale do Tua desde que o comboio parou de circular há quatro anos.
A suspensão da circulação ferroviária entre o Cachão e o Tua foi justificada por motivo de segurança, depois de quatro mortes em outros tantos acidentes, mas entretanto foi aprovada e iniciada a construção da barragem de Foz Tua que vai submergir parte dos carris e desativada oficialmente a última linha ferroviária do Nordeste Transmontano.
A Declaração de Impacto Ambiental (DIA) que deu parecer favorável condicionado à barragem concessionada à EDP, impôs como contrapartida a elaboração de um plano que assegure a mobilidade na zona.
Até o plano estar concretizado, várias entidades celebraram um protocolo em que a CP se comprometia a continuar a financiar os transportes, pagando ao Metro de Mirandela uma verba anual de 125 mil euros para os táxis, de um total de 250 mil para a empresa garantir a mobilidade.
A CP deixou de financiar o serviço no início do mês e o Bloco de Esquerda quer que o Governo esclareça “de que forma justifica a violação da DIA” e se “considera viável e aceitável que se continue a construção da barragem”.
Na iniciativa parlamentar, o partido pergunta também “em que estudo se baseia a decisão” da supressão dos transportes alternativos e que o Governo disponibilize o Plano Estratégico dos Transportes, que terá estado na base dos cortes orçamentais que levaram a CP a cancelar o financiamento.
O Bloco de Esquerda pergunta ainda se o Governo “antecipou eventuais negativos no potencial económico calculado” para a zona com o futuro plano de mobilidade multimodal que contempla o aproveitamento turístico da barragem e aliado à recuperação da linha para os mesmos fins.