Portugal. A selecção volta dividida em grupos


O NÚCLEO DURO


O NÚCLEO DURO

Oito
Pepe
Fábio Coentrão
Raul Meireles
Nani
Cristiano Ronaldo
Bruno Alves
Hélder Postiga
Hugo Almeida

Eram os primeiros nomes na cabeça do seleccionador à partida para o Euro-2012. É fácil olhar com desdém para a inclusão de Hélder Postiga e Hugo Almeida neste grupo, mas a sua presença nunca esteve em causa. Com a ausência de verdadeiras soluções para jogar a ponta-de-lança, até é muito provável que sigam intactos até ao Mundial-2014. Aliás, basta que mantenham um nível razoável nos clubes e que escapem a lesões graves. O resto são certezas. De Pepe a Ronaldo, de Coentrão a Nani: Paulo Bento pôs as mãos no fogo pelos jogadores e eles provaram que também confiam no treinador. Este núcleo duro ainda dura até ao Brasil. Depois disso, sim, haverá uma nova mudança de geração.

OS REFORÇADOS

Quatro
Rui Patrício
Miguel Veloso
João Moutinho
João Pereira

A época de Rui Patrício no Sporting já tinha sido convincente. Mas até que ponto estaria pronto para brilhar num Europeu? O guarda-redes respondeu em campo. Deu segurança, deu tranquilidade. Recebeu elogios. Agora receberá também propostas para deixar Alvalade – depois de produzir jogadores criativos em massa, os leões criaram finalmente um guarda-redes de topo. Mas o Euro-2012 deu-nos ainda as melhores versões alguma vez vistas de João Moutinho e Miguel Veloso. Depois do crime cometido por Carlos Queiroz há dois anos (Moutinho não foi convocado), o médio do FC Porto conquistou de uma vez por todas um lugar cativo no onze da selecção. Veloso afastou as dúvidas quanto à sua competência para ser o jogador mais recuado do meio-campo. E, no espaço de um mês, João Pereira junta a transferência para o Valencia a um Europeu competente.

OS VENCEDORES

Três
Nélson Oliveira
Varela
Custódio

O lóbi começou nos adeptos benfiquistas e depressa alastrou aos que partilhavam inimizades pelos outros avançados da selecção. Nélson Oliveira, vice-campeão do mundo de sub-20, tinha o apoio popular na corrida à titularidade. Mas foi sempre suplente, quatro vezes utilizado. À excepção do último jogo, ficou a convicção de que está ali o futuro. Paulo Bento venceu a aposta, o jogador ganhou o desafio. Tal como Varela, renegado pelo técnico nos tempos do Sporting. O extremo trepou pela hierarquia dos suplentes para se tornar uma referência. Nos jogos difíceis, os adeptos viam nele uma solução saída do banco. Falhou com a Alemanha, redimiu-se contra a Dinamarca. Custódio foi à Polónia e à Ucrânia com uma missão e cumpriu-a quando foi preciso. Demorou a ter uma oportunidade na selecção, mas justificou-a. Não tem a versatilidade de outros, mas sabe o que faz.

O DERROTADO

Um
Quaresma

Os truques de miúdo irreverente perdem sentido à medida que a idade avança. Quaresma, o próximo Luís Figo, já ia em desvantagem para Simão quando lançou a carreira. E pelo caminho ainda se viu ultrapassado por Cristiano Ronaldo e Nani. O declínio na selecção aconteceu ainda antes da subida ao topo. Quaresma espalhou-se ao comprido no jogo de preparação com a Macedónia e Paulo Bento não perdoou, mesmo que as palavras tivessem dito o contrário. Na dúvida, o seleccionador preferiu Varela – mais um extremo a ultrapassá-lo. E o cenário piorou com a agressão a Miguel Lopes num treino, o único caso que pôs em causa a coesão do grupo durante a prova. Além disso, o 29.º aniversário do jogador está quase aí, o que significa pouco tempo para emendar este caminho negativo. Feitas as contas, Quaresma é o derrotado português deste Euro-2012. Agora, só por milagre voltará a ter importância na selecção. De resto, fará pouco além de número.

OS DESCARTÁVEIS

Três
Ricardo Costa
Hugo Viana
Miguel Lopes

O anúncio dos 23 convocados para um Europeu ou Mundial lança o filme do costume. Porquê o jogador X e não o Y? Não seria melhor mais um médio e menos um defesa? Como é possível deixar o avançado Z de fora? No fim da competição as contas são bem mais simples. Paulo Bento usou apenas 16 jogadores nos cinco jogos do Euro-2012. Sete dos seleccionados voltaram a Portugal sem um único minuto de jogo. É natural, faz parte. Mas Ricardo Costa, Hugo Viana e Miguel Lopes formam um trio distinto: são descartáveis. Foram convocados, mas podiam ter sido outros – ainda que por razões distintas. Costa resistiu sabe-se lá como ao naufrágio no Mundial-2010. Viana foi chamado à última hora para substituir Carlos Martins, quando nem sequer encaixava no perfil desejado por Paulo Bento. E Miguel Lopes limitou-se a um papel de reserva no qual facilmente caberia outro lateral direito.

OS PORREIROS

Quatro
Beto
Rolando
Ruben Micael
Eduardo

Jogadores assim são muitas vezes subvalorizados. Uma selecção não é só futebol, vai muito além dos jogos. Para se ter êxito há que saber construir um grupo. E para isso é obrigatório chamar um Beto, por exemplo, que vive bem com a ideia de ser o terceiro guarda-redes da selecção. Como não joga, aproveita ao máximo o ambiente. Emociona-se, grita e esbraceja. É impossível não gostar de uma figura assim. Eduardo fez um Mundial memorável, mas o rumo da carreira levou-o a perder o estatuto bem antes do Euro. Sem amarguras, também aceitou a nova realidade. Ruben Micael, tantas vezes utilizado no meio-campo português ao longo dos últimos dois anos, ajudou muito mais cá fora do que lá dentro. São os porreiros, com valor para estar na selecção mas sem vedetismos que gerem mau ambiente. Rolando ainda jogou, mas também tem lugar neste grupo.