Jornalismo. Fim das notícias em papel está marcado para o ano de 2027


Todos os jornalistas com mais de 50 anos podem respirar de alívio pois, quando chegarem à idade da reforma, 65 anos, muito provavelmente já não irão assistir por dentro ao fim do jornalismo em papel, ontem vaticinado pelo catalão Jaume Roures, fundador da Mediapro, um grupo espanhol de comunicação social. Numa conferência em Barcelona, Jaume…


Todos os jornalistas com mais de 50 anos podem respirar de alívio pois, quando chegarem à idade da reforma, 65 anos, muito provavelmente já não irão assistir por dentro ao fim do jornalismo em papel, ontem vaticinado pelo catalão Jaume Roures, fundador da Mediapro, um grupo espanhol de comunicação social.


Numa conferência em Barcelona, Jaume Roures – que viu recentemente o seu diário “Público” deixar de ser impresso, embora se mantenha online – augurou: “Em 15 anos, o papel vai deixar de existir, e isso levará ao desaparecimento do jornalismo tal como existe actualmente.” E concluiu: “Isso não é socialmente bom.” Para Roures, que detém também o canal espanhol La Sexta e produz conteúdos para outros canais, como a Barça TV, Real Madrid TV e Gol Television, só “os mais poderosos irão sobreviver à crise económica, à crise do papel e ainda à crise do jornalismo no que tem sido o seu papel histórico”.

Prostituição Jaume Roures vai mais longe: “A imprensa actual está a prostituir-se.” Ao mesmo tempo, o fundador da Mediapro lamenta a convicção geral de que as pessoas estão informadas apenas lendo os diários digitais, no que se tornou um marco do acesso maciço “a qualquer tipo de informação, que faz perder o seu valor de rigor e respeito”.


Adicionando o encerramento da edição em papel do seu “Público”, Jaume Roures fala de uma quarta crise, a da esquerda, “que é profunda, longa e duradoura, e com poucas ferramentas para se reinventar”. Note-se que o fim da versão papel daquele periódico assumidamente de esquerda coincidiu com a subida da direita ao governo em Espanha.

DEZ anos apenas Mas há quem seja simultaneamente mais pessimista e optimista do que Jaume Roures. É o caso de Mike McCue, criador do Flipboard, um agregador de conteúdos gratuito para o iPad que visa tornar a leitura online de jornais e revistas tão apetecível como no papel. Já tem cinco milhões de registos e disponibiliza meios como “The New York Times”, “Wired” ou mesmo a BBC. E já saiu a versão para iPhone.


McCue tem a sua visão do sector: “Daqui a dez anos, comprar uma revista ou um jornal num quiosque será uma coisa muito retro. Isso do café de domingo de manhã a ler um jornal em papel vai acabar.” O fundador do Flipboard diz categoricamente que “em 2022 só vamos ler jornais e revistas nos tablets”. Mas, acrescentou, “isso não significa que os títulos vão desaparecer, apenas está a mudar o modelo de distribuição”.