Ladroagem


O pomposo Consórcio Internacional de Jornalista é um mero recetador de material roubado que depois vende aos leitores como investigação jornalística


Vamos começar por aqui. Na quarta-feira a tecnológica norte-americana Yahoo veio a público denunciar o roubo de informação de mais de mil milhões de utilizadores. Algures em Agosto de 2013, piratas, leia-se ladrões, entraram no sistema de email da Yahoo e discretamente retiraram os dados de mais mil milhões de utilizadores, incluindo nomes, datas de nascimento, números de telefone e passwords que estava encriptadas. Estes dados estão agora a ser vendidos por mais de 280 milhões de euros na dark web. Este roubo informático é em tudo semelhante aos que já aconteceram com o famoso Wikileaks de Julian Assange, com o que se passou com os também célebres Panamá Papers e mais recentemente com o Football Leaks de um tal John.

São ladrões, que em nome de uma falsa transparência atacam supostos criminosos, ricos e famosos, que andam por esse mundo a fugir aos assaltos fiscais de governos muito democráticos.

O pomposo Consórcio Internacional de Jornalistas, que em Portugal é representado pelo “Expresso” e pela TVI, é verdadeiramente um cartel que recebe informação roubada e depois a divulga com claros benefícios económicos. Os órgãos de comunicação social associados a este cartel aumentam as audiências e as vendas com a clara violação dos direitos dos cidadãos atingidos e a cumplicidade criminosa das autoridades nacionais.

No caso do Football Leaks, por exemplo, o fisco espanhol teve o desplante de exigir ao jornal do cartel a entrega de todo o material roubado para melhor perseguir cidadãos, como é o caso de Ronaldo que, entre outros crimes, tem uma empresa sedeada na Irlanda em que o IRC é de 12,5%. Os gatunos informáticos de serviço e o cartel fingem ser os Robin dos Bosques da era digital. Roubam aos ricos para dar aos pobres. Pura mentira. Roubam ficheiros informáticos para ganharem dinheiro com as vendas de jornais e audiências televisivas.

Depois de espiolharem milhares de ficheiros roubados – diz o cartel que a leitura dos ficheiros roubados pelo Football Leaks ocupou 60 jornalistas durante sete meses – armam-se em moralistas e desenvolvem longas teses sobe off-shores e políticas fiscais, desigualdades sociais e outras pedras preciosas e muito queridas ao politicamente correto e a todos que se sentam às mesas dos orçamentos de Estados que esbulham os seus cidadãos com cargas fiscais verdadeiramente obscenas. Para o cartel, que nunca divulgou quanto paga aos ladrões, é muito mau haver concorrência fiscal entre países, para já não falar da guerra permanente contra as off-shores.

É evidente que para esta gente, que usa material roubado sem qualquer castigo pelo crime que cometem, seria altamente vantajoso para os Estados e os cidadãos que todos os países da zona euro ou da União Europeia, por exemplo, tivessem as mesmas cargas fiscais sobre empresas e pessoas.

Percebe-se a ideia. Com as políticas dominantes na Europa, as cargas fiscais seriam cada vez maiores para sustentar Estados monstruosos e políticas sociais ruinosas, como acontece em Portugal. Mas para além da defesa dos Estados monstruosos, esta gente do cartel alimenta um ódio visceral aos ricos e assim alimenta todo o tipo de populismos, demagogias e invejas. A divulgação de dados sobre a vida de pessoas famosas dá dinheiro e transforma a imprensa que o faz impunemente num enorme caixote de lixo.

Curioso, muito curioso mesmo, é que em Portugal, por exemplo, o cartel ainda não tenha divulgado a lista de jornalistas e políticos que receberam dinheiro dos antigos donos disto tudo. Jornalistas que por certo escreveram prosas brilhantes e cheias de fontes sobre grande negócios exemplares de maravilhosos gestores da Pátria, talvez mesmo os melhores do mundo nos seus ramos de atividade.

Donos disto tudo, como Ricardo Salgado, Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, só para falar em alguns, agora caídos em desgraça depois de terem sido elogiados e bajulados anos a fio pelos chamados jornalistas de referência. Homens que agora andam nas ruas da amargura, vergastados pelos mesmos a quem deram de comer anos a fio e que agora lhes mordem a mão. Tudo isto é muito triste. Tudo isto é miserável.

Mas felizmente que os ventos estão a mudar na Europa e no mundo, a começar nos Estados Unidos da América. O presidente-eleito Donald Trump vai baixar drasticamente os impostos às empresas e à classe média. Os juros de referência dos EUA já começaram a subir e os mercados financeiros de Waal Street vão respirar com a nova administração. Os politicamente corretos e lacaios do sistema têm os dias contados. A ventania, quando chegar à Europa, vai com certeza varrer o lixo que por aí anda.