O tempo é de reconciliação no seio dos socialistas espanhóis. Agora sem Pedro Sánchez como secretário-geral, a Comissão Gestora que temporariamente governa o partido tenta não se voltar muito rapidamente para permitir um novo governo de Mariano Rajoy, como defende, temendo fraturar o PSOE em dois.
A precaução foi a palavra desta terça-feira na primeira reunião entre a Comissão Gestora e o grupo parlamentar socialista, ontem, em que quase todos os deputados que discursaram o fizeram para defender que o partido deve evitar umas terceiras eleições – que é o mesmo que dizer aceitar um governo PP.
Dos 26 deputados que discursaram, só três insistiram no “não” a Mariano Rajoy em que insistia o demitido Sánchez. Apesar disto, a maioria dos leais ao antigo secretário-geral preferiu não se pronunciar, sinal de que as ofensivas de charme do novo líder da Comissão Gestora, Javier Fernández, pouco fizeram para unir o grupo parlamentar.
Não há muito tempo para sarar as divisões entre os deputados socialistas. O Congresso tem até ao fim do mês para decidir sobre se permite a investidura de Rajoy, que entraria com um governo minoritário, ou atira o país para as terceiras eleições em menos de um ano.
“Venho transmitir-vos serenidade”, disse ontem Fernández, que, como os barões socialistas que o apoiam, diz querer evitar novas eleições em dezembro, sob o risco de o PSOE se apresentar dividido às urnas. “A organização precisa de diálogo, precisa de falar”, afirmou ao grupo de 85 deputados.
Rafael Simancas, deputado, tentou um outro avanço conciliador: “nem os que se querem abster são do PP, nem os que o querem chumbar são do Podemos”, escrevia ontem o “El País”.
Quanto a Pedro Sánchez, que continuará como deputado, Fernández afirmou que terá um “assento digno” na disposição de deputados no Congresso.
