Bofetadas vs. caso Galp. Porque se demitiu Soares?


Onde está hoje, depois de ter três secretários de Estado que não se lembraram que eram membros do governo quando aceitaram ir aos jogos do Europeu a convite da Galp, o senhor primeiro-ministro? 


Aqui há uns meses, João Soares era ministro da Cultura e fez um disparate monumental. Levantou-se de madrugada – ou deitou-se tardíssimo – e, irritado com os colunistas Augusto M. Seabra e Vasco Pulido Valente, foi para o Facebook “passar-se”. Escreveu um post onde prometia “saudáveis bofetadas” aos seus dois críticos. João Soares resistiu a demitir-se, mas caiu-lhe meio mundo em cima, da esquerda à direita.

É verdade que é um comportamento inaceitável para um ministro (à semelhança de ser apanhado a conduzir sob o efeito do álcool, como aconteceu este sábado à ministra da Educação da Suécia, que se demitiu imediatamente).

Mas perante o crescente clamor público, António Costa optou por fazer a João Soares uma espécie de demissão em direto. Pediu desculpas aos colunistas, manifestou a sua “particular estima” por Augusto M. Seabra e também “consideração” por Vasco Pulido Valente, e mandou uma mensagem que fragilizaria para sempre João Soares. Disse que tinha recordado aos membros do governo que “nem à mesa do café podem deixar de se lembrar que são membros do governo e, portanto, devem ser contidos na forma como expressam as suas emoções”.

Foi fácil abater João Soares que, depois disto, percebeu que não tinha o apoio do primeiro-ministro e acabou por apresentar a demissão. Onde está hoje, depois de ter três secretários de Estado que não se lembraram que eram membros do governo quando aceitaram ir aos jogos do Europeu a convite da Galp, o senhor primeiro-ministro?

Em lado nenhum. Viajar a convite da Galp é um caso milhões de vezes mais grave para um membro do governo do que o ato palerma de que foi protagonista João Soares. E, no entanto, como se trata de amigos seus, Costa cala-se – e enquanto Augusto Santos Silva retirou ao “seu” secretário de Estado o pelouro da Galp, os outros dois ficaram num limbo. 

A oposição não pode falar, a esquerda está agarrada e, para os comentadores habituais, é sempre mais fácil bater em alvos fáceis como é João Soares, com as suas particularidades, do que em personagens mais íntimas do primeiro-ministro e quando mais lhe dói.

 

 

Bofetadas vs. caso Galp. Porque se demitiu Soares?


Onde está hoje, depois de ter três secretários de Estado que não se lembraram que eram membros do governo quando aceitaram ir aos jogos do Europeu a convite da Galp, o senhor primeiro-ministro? 


Aqui há uns meses, João Soares era ministro da Cultura e fez um disparate monumental. Levantou-se de madrugada – ou deitou-se tardíssimo – e, irritado com os colunistas Augusto M. Seabra e Vasco Pulido Valente, foi para o Facebook “passar-se”. Escreveu um post onde prometia “saudáveis bofetadas” aos seus dois críticos. João Soares resistiu a demitir-se, mas caiu-lhe meio mundo em cima, da esquerda à direita.

É verdade que é um comportamento inaceitável para um ministro (à semelhança de ser apanhado a conduzir sob o efeito do álcool, como aconteceu este sábado à ministra da Educação da Suécia, que se demitiu imediatamente).

Mas perante o crescente clamor público, António Costa optou por fazer a João Soares uma espécie de demissão em direto. Pediu desculpas aos colunistas, manifestou a sua “particular estima” por Augusto M. Seabra e também “consideração” por Vasco Pulido Valente, e mandou uma mensagem que fragilizaria para sempre João Soares. Disse que tinha recordado aos membros do governo que “nem à mesa do café podem deixar de se lembrar que são membros do governo e, portanto, devem ser contidos na forma como expressam as suas emoções”.

Foi fácil abater João Soares que, depois disto, percebeu que não tinha o apoio do primeiro-ministro e acabou por apresentar a demissão. Onde está hoje, depois de ter três secretários de Estado que não se lembraram que eram membros do governo quando aceitaram ir aos jogos do Europeu a convite da Galp, o senhor primeiro-ministro?

Em lado nenhum. Viajar a convite da Galp é um caso milhões de vezes mais grave para um membro do governo do que o ato palerma de que foi protagonista João Soares. E, no entanto, como se trata de amigos seus, Costa cala-se – e enquanto Augusto Santos Silva retirou ao “seu” secretário de Estado o pelouro da Galp, os outros dois ficaram num limbo. 

A oposição não pode falar, a esquerda está agarrada e, para os comentadores habituais, é sempre mais fácil bater em alvos fáceis como é João Soares, com as suas particularidades, do que em personagens mais íntimas do primeiro-ministro e quando mais lhe dói.