Venceremos o terror


O terror está a ganhar a corrida ao Ocidente.


No dia em que a França celebrava a liberdade, a igualdade e a fraternidade em feriado nacional, um terrorista lançou-se a uma multidão de famílias com um camião recheado de armas e granadas. Terá gritado: Alá é grande.

Morreram oitenta pessoas.

Nós podemos sair à rua. Pela liberdade contra o medo, pela democracia contra a violência, pela esperança contra a superstição. Mas não chega.

Em Janeiro do ano passado fizemos tudo isso. Desde 1945, que não se viam manifestações e momentos de silêncio pela paz assim. O parlamento francês cantou espontaneamente o hino nacional após um momento de silêncio. A seleção gaulesa entrou em campo com a Inglaterra ao som da Marselhesa.

Setenta anos separam a celebração do fim da 2ª Guerra Mundial e a onda de solidariedade pelo ataque ao Charlie Hebdo. Apenas dez meses separam as 127 vidas assassinadas no Bataclan e o massacre à revista humorística. E apenas nove meses separam o Bataclan do que aconteceu ontem em Nice.

O terror está a ganhar a corrida ao Ocidente.

A não ser que ignorem que as ameaças externas substituíram as tensões internas, os europeístas perderam o seu último argumento. Estamos em guerra porque a Europa falhou na sua principal premissa; a segurança.

Recorde-se a criança síria – um refugiado, não um emigrante – que nos disse: Só queremos paz na nossa terra, não queremos ter que fugir para a vossa.

A resolução do conflito na sua origem é, mais do que nunca, imperativa. Para não deixar o Estado Islâmico tornar as nossas ruas no seu campo de batalha. 

Em 1914, a derradeira linha de defesa da capital francesa situava-se junto ao rio Marne. Devido à falta de meios motorizados da época, taxistas transportaram as tropas até à frente. Os Aliados venceram a batalha e o exército alemão nunca alcançou Paris na 1ª Guerra Mundial.

Em 2015, numa sexta-feira 13 de Novembro, Paris foi atacada por radicais islâmicos com coletes-bomba e metralhadoras automáticas. Os massacres levaram ao pânico na cidade inteira e, mais uma vez, os taxistas parisienses estiveram à altura da História: desligaram os taxímetros e começaram a levar pessoas a casa, em segurança. Ontem, fizeram o mesmo em Nice.

Um século não fez esquecer os valores de serviço público e humanidade à civilização ocidental. E um século não deixara de nos colocar à prova entre paz e terror, democracia e fundamentalismo.

Porque continuamos a vencer ou a levantarmo-nos de novo?

Em Novembro, vimos as redes sociais cheias de bandeiras gaulesas. É uma louvável iniciativa de solidariedade que não pretendo, de todo, condenar. Mas lembremo-nos que o Ocidente triunfa, precisamente, porque não tem uma só bandeira, um só partido, uma só ideologia. Tem – e poderá continuar a ter – vários destes. O pluralismo fez a nossa universalidade. A nossa maior arma é o respeito à diferença; é não descer ao nível deles. Isso nenhum extremista poderá derrotar.

           

 

 


Venceremos o terror


O terror está a ganhar a corrida ao Ocidente.


No dia em que a França celebrava a liberdade, a igualdade e a fraternidade em feriado nacional, um terrorista lançou-se a uma multidão de famílias com um camião recheado de armas e granadas. Terá gritado: Alá é grande.

Morreram oitenta pessoas.

Nós podemos sair à rua. Pela liberdade contra o medo, pela democracia contra a violência, pela esperança contra a superstição. Mas não chega.

Em Janeiro do ano passado fizemos tudo isso. Desde 1945, que não se viam manifestações e momentos de silêncio pela paz assim. O parlamento francês cantou espontaneamente o hino nacional após um momento de silêncio. A seleção gaulesa entrou em campo com a Inglaterra ao som da Marselhesa.

Setenta anos separam a celebração do fim da 2ª Guerra Mundial e a onda de solidariedade pelo ataque ao Charlie Hebdo. Apenas dez meses separam as 127 vidas assassinadas no Bataclan e o massacre à revista humorística. E apenas nove meses separam o Bataclan do que aconteceu ontem em Nice.

O terror está a ganhar a corrida ao Ocidente.

A não ser que ignorem que as ameaças externas substituíram as tensões internas, os europeístas perderam o seu último argumento. Estamos em guerra porque a Europa falhou na sua principal premissa; a segurança.

Recorde-se a criança síria – um refugiado, não um emigrante – que nos disse: Só queremos paz na nossa terra, não queremos ter que fugir para a vossa.

A resolução do conflito na sua origem é, mais do que nunca, imperativa. Para não deixar o Estado Islâmico tornar as nossas ruas no seu campo de batalha. 

Em 1914, a derradeira linha de defesa da capital francesa situava-se junto ao rio Marne. Devido à falta de meios motorizados da época, taxistas transportaram as tropas até à frente. Os Aliados venceram a batalha e o exército alemão nunca alcançou Paris na 1ª Guerra Mundial.

Em 2015, numa sexta-feira 13 de Novembro, Paris foi atacada por radicais islâmicos com coletes-bomba e metralhadoras automáticas. Os massacres levaram ao pânico na cidade inteira e, mais uma vez, os taxistas parisienses estiveram à altura da História: desligaram os taxímetros e começaram a levar pessoas a casa, em segurança. Ontem, fizeram o mesmo em Nice.

Um século não fez esquecer os valores de serviço público e humanidade à civilização ocidental. E um século não deixara de nos colocar à prova entre paz e terror, democracia e fundamentalismo.

Porque continuamos a vencer ou a levantarmo-nos de novo?

Em Novembro, vimos as redes sociais cheias de bandeiras gaulesas. É uma louvável iniciativa de solidariedade que não pretendo, de todo, condenar. Mas lembremo-nos que o Ocidente triunfa, precisamente, porque não tem uma só bandeira, um só partido, uma só ideologia. Tem – e poderá continuar a ter – vários destes. O pluralismo fez a nossa universalidade. A nossa maior arma é o respeito à diferença; é não descer ao nível deles. Isso nenhum extremista poderá derrotar.