E não se pode exterminá-los?


Mais de 17 milhões de velhos, ignorantes, zangados com a vida, desempregados, grunhos feios, porcos e maus votaram a favor da saída do Reino Unido da União Europeia. A elite pensadora desta Europa decrépita vai com certeza tomar as medidas adequadas para que esta gente não volte a perturbar com o seu voto os diretórios…


Primeiro não queriam acreditar. Depois ainda pensaram que seria possível repeti-lo. Desesperados, inventaram umas petições de arrependidos. Ainda mais desesperados, fizeram sondagens a revelar que afinal, em novo referendo, o Brexit seria derrotado. Finalmente, descobriram os responsáveis pela saída do Reino Unido da União Europeia.

Basicamente foram mais de 17 milhões de velhos, ignorantes, zangados com a vida, desempregados, grunhos feios, porcos e maus que tiveram a ousadia de mandar Bruxelas dar uma enorme volta ao bilhar grande e de recuperar a soberania de uma nação que não recebe lições de democracia de nenhuma capital do continente europeu e muito menos de uns burocratas bem pagos que se julgam os donos disto tudo.

Foi assim que os bem-pensantes, os jovens, os empresários, os bem instalados na vida e o monstro instalado em Bruxelas explicaram a sua estrondosa derrota no referendo de 23 de junho. Mas não só. Em muitos países, como em Portugal, a raiva e o desespero levaram impolutos democratas, politicamente corretos em tudo, até na imbecilidade e estupidez, a zurzir no voto dos britânicos que disseram adeus a uma União Europeia presa por arames, fraca economicamente, cobarde até mais não em matéria de terrorismo e de combate à crescente islamização das sociedades e cada vez mais odiada pelos cidadãos.

Mas como esta gente se considera a nata europeia, bem-pensantes, cultos, empregados, novos e bem instalados na vida, é natural que encontrem muito rapidamente as soluções adequadas e eficazes para impedir que o Brexit se repita em países como a França, Itália, República Checa, Suécia, Dinamarca, Áustria e por aí adiante. Esta nata europeia, agora sem a presença incómoda do Reino Unido e da sua mania de ser democrata a sério, vai com certeza arranjar maneira de tornar a União Europeia ainda mais odiada e desprezada pelos cidadãos, com medidas duras contra o voto dos velhos, dos ignorantes e de quem ouse pôr em causa um projeto europeu falido e decrépito.

A nata europeia, que reagiu com raiva à saída do Reino Unido da União Europeia, tem de dar corda aos sapatos para arranjar uma maneira expedita de se proteger dos bárbaros. A França vai a votos para o ano e, se a Frente Nacional de Marine Le Pen vencer as presidenciais, é certo e sabido que o povo francês vai ser chamado às urnas para dizer se fica ou sai do grupo de Bruxelas. Na Itália do enfraquecido Renzi elevam-se as vozes dos que querem levar a votos a União Europeia, como acontece na Suécia, Dinamarca, Holanda e, muito provavelmente, na Áustria.

O Tribunal Constitucional austríaco anulou a segunda volta das presidenciais, e agora, sem golpadas eleitorais, é bem possível que o candidato de extrema-direita consiga chegar à vitória. Bem pode a elite bem-pensante europeia agitar os fantasmas da xenofobia, do populismo e mesmo do nazismo para travar um enorme movimento de cidadãos que recusa a ditadura de Bruxelas e quer recuperar quanto antes as soberanias, entregues de formas pouco democráticas a diretórios sem qualquer legitimidade política.

A este movimento imparável de revolta contra a União Europeia responde a elite bem-pensante e a burocracia de Bruxelas com pesporrência e muita estupidez. O diretório europeu quer transformar o Reino Unido numa vacina que combata eficazmente os movimentos separatistas. Para isso, vai castigar os britânicos até ao limite. As cenas já começaram com o patético Juncker no Parlamento Europeu e vão continuar nas negociações, quando Londres acionar o artigo 50 do Tratado de Lisboa.

Tudo gestos de gente muito desesperada, sem ideias, alheada da realidade. Mas gente, acima de tudo, perigosa e que vai fazer o possível e o impossível para manter de pé um projeto morto. Sem Londres e com Paris cada vez mais próxima da porta de saída, a tarefa de adiar o funeral da União Europeia está totalmente nas mãos de Berlim. Angela Merkel lançou o mote no dia seguinte à vitória do Brexit: a União Europeia é um projeto de paz. Claro.

Os que andam por esta Europa a minar o tal projeto de paz, sempre controlado pelo eixo franco-alemão e agora totalmente nas mãos da Alemanha, podem contar com a guerra se a União Europeia morrer. Não a guerra com tanques e aviões, não a guerra com genocídios e holocaustos, mas a guerra económica, com mais pobres, mais desempregados, mais miséria. Uma guerra que, em última análise, elimine de forma violenta uma ralé que já ousou votar na saída do Reino Unido da União Europeia. Uma ralé de muitos milhões de europeus que odeia a União Europeia e quem apoia este projeto nauseabundo nas capitais europeias.

Jornalista


E não se pode exterminá-los?


Mais de 17 milhões de velhos, ignorantes, zangados com a vida, desempregados, grunhos feios, porcos e maus votaram a favor da saída do Reino Unido da União Europeia. A elite pensadora desta Europa decrépita vai com certeza tomar as medidas adequadas para que esta gente não volte a perturbar com o seu voto os diretórios…


Primeiro não queriam acreditar. Depois ainda pensaram que seria possível repeti-lo. Desesperados, inventaram umas petições de arrependidos. Ainda mais desesperados, fizeram sondagens a revelar que afinal, em novo referendo, o Brexit seria derrotado. Finalmente, descobriram os responsáveis pela saída do Reino Unido da União Europeia.

Basicamente foram mais de 17 milhões de velhos, ignorantes, zangados com a vida, desempregados, grunhos feios, porcos e maus que tiveram a ousadia de mandar Bruxelas dar uma enorme volta ao bilhar grande e de recuperar a soberania de uma nação que não recebe lições de democracia de nenhuma capital do continente europeu e muito menos de uns burocratas bem pagos que se julgam os donos disto tudo.

Foi assim que os bem-pensantes, os jovens, os empresários, os bem instalados na vida e o monstro instalado em Bruxelas explicaram a sua estrondosa derrota no referendo de 23 de junho. Mas não só. Em muitos países, como em Portugal, a raiva e o desespero levaram impolutos democratas, politicamente corretos em tudo, até na imbecilidade e estupidez, a zurzir no voto dos britânicos que disseram adeus a uma União Europeia presa por arames, fraca economicamente, cobarde até mais não em matéria de terrorismo e de combate à crescente islamização das sociedades e cada vez mais odiada pelos cidadãos.

Mas como esta gente se considera a nata europeia, bem-pensantes, cultos, empregados, novos e bem instalados na vida, é natural que encontrem muito rapidamente as soluções adequadas e eficazes para impedir que o Brexit se repita em países como a França, Itália, República Checa, Suécia, Dinamarca, Áustria e por aí adiante. Esta nata europeia, agora sem a presença incómoda do Reino Unido e da sua mania de ser democrata a sério, vai com certeza arranjar maneira de tornar a União Europeia ainda mais odiada e desprezada pelos cidadãos, com medidas duras contra o voto dos velhos, dos ignorantes e de quem ouse pôr em causa um projeto europeu falido e decrépito.

A nata europeia, que reagiu com raiva à saída do Reino Unido da União Europeia, tem de dar corda aos sapatos para arranjar uma maneira expedita de se proteger dos bárbaros. A França vai a votos para o ano e, se a Frente Nacional de Marine Le Pen vencer as presidenciais, é certo e sabido que o povo francês vai ser chamado às urnas para dizer se fica ou sai do grupo de Bruxelas. Na Itália do enfraquecido Renzi elevam-se as vozes dos que querem levar a votos a União Europeia, como acontece na Suécia, Dinamarca, Holanda e, muito provavelmente, na Áustria.

O Tribunal Constitucional austríaco anulou a segunda volta das presidenciais, e agora, sem golpadas eleitorais, é bem possível que o candidato de extrema-direita consiga chegar à vitória. Bem pode a elite bem-pensante europeia agitar os fantasmas da xenofobia, do populismo e mesmo do nazismo para travar um enorme movimento de cidadãos que recusa a ditadura de Bruxelas e quer recuperar quanto antes as soberanias, entregues de formas pouco democráticas a diretórios sem qualquer legitimidade política.

A este movimento imparável de revolta contra a União Europeia responde a elite bem-pensante e a burocracia de Bruxelas com pesporrência e muita estupidez. O diretório europeu quer transformar o Reino Unido numa vacina que combata eficazmente os movimentos separatistas. Para isso, vai castigar os britânicos até ao limite. As cenas já começaram com o patético Juncker no Parlamento Europeu e vão continuar nas negociações, quando Londres acionar o artigo 50 do Tratado de Lisboa.

Tudo gestos de gente muito desesperada, sem ideias, alheada da realidade. Mas gente, acima de tudo, perigosa e que vai fazer o possível e o impossível para manter de pé um projeto morto. Sem Londres e com Paris cada vez mais próxima da porta de saída, a tarefa de adiar o funeral da União Europeia está totalmente nas mãos de Berlim. Angela Merkel lançou o mote no dia seguinte à vitória do Brexit: a União Europeia é um projeto de paz. Claro.

Os que andam por esta Europa a minar o tal projeto de paz, sempre controlado pelo eixo franco-alemão e agora totalmente nas mãos da Alemanha, podem contar com a guerra se a União Europeia morrer. Não a guerra com tanques e aviões, não a guerra com genocídios e holocaustos, mas a guerra económica, com mais pobres, mais desempregados, mais miséria. Uma guerra que, em última análise, elimine de forma violenta uma ralé que já ousou votar na saída do Reino Unido da União Europeia. Uma ralé de muitos milhões de europeus que odeia a União Europeia e quem apoia este projeto nauseabundo nas capitais europeias.

Jornalista