Um amor durável PR-PM é uma vaca que voa


Infelizmente, há impossíveis. Ainda que António Costa tenha conseguido o impensável “compromisso histórico” – foi assim que lhe chamou Rui Tavares, do Livre, o mais intrépido defensor da geringonça num tempo em que ninguém acreditava nela –, nem as vacas hão-de voar nem uma relação Presidente-governo será o mar de rosas que inicialmente anunciavam Marcelo…


Rebelo de Sousa quis esconder ao que vinha para não hostilizar o eleitorado de esquerda que votou no irresistível prof. Marcelo. António Costa, como é um “otimista irritante”, acreditou, no seu franco otimismo, que a relação com Marcelo seria de longe mais fácil do que, eventualmente, com um candidato da sua área política. Pelo menos, muito melhor com Marcelo do que com Maria de Belém, pensou Costa.  E mais: Costa também terá pensado que Marcelo poderia fazer durar um estado de graça socialista, graças à animosidade que manteve desde sempre em relação a Pedro Passos Coelho.

Mas as coisas não são exatamente assim. Desde o primeiro dia que Marcelo Rebelo de Sousa demonstrou tencionar ser o mais interventivo dos Presidentes da República – nem Mário Soares falava tanto e sobre tanta coisa ao mesmo tempo. Por um lado, o multitasking presidencial pode transformá-lo numa irrelevância política – Marcelo ainda não se deu conta deste risco, apesar de na campanha eleitoral ter feito um esforço para envergar um fato institucional. Há uma nota dessa irrelevância no facto de o primeiro-ministro ter ignorado totalmente os apelos do Presidente relativamente à educação.

Mas, por outro, mesmo que o crédito político de Marcelo decresça em resultado da sua impossibilidade de não falar continuamente sobre tudo, ele é a primeira figura do Estado. E como o próprio recordou, tem uma legitimidade própria que lhe vem da eleição por voto direto. As coisas já começaram a não correr bem e a última semana foi exemplo disso. É verdade que tal acontece sempre nas relações Presidente-governo. Mas logo ao fim de 70 dias, ninguém esperava.

 

Um amor durável PR-PM é uma vaca que voa


Infelizmente, há impossíveis. Ainda que António Costa tenha conseguido o impensável “compromisso histórico” – foi assim que lhe chamou Rui Tavares, do Livre, o mais intrépido defensor da geringonça num tempo em que ninguém acreditava nela –, nem as vacas hão-de voar nem uma relação Presidente-governo será o mar de rosas que inicialmente anunciavam Marcelo…


Rebelo de Sousa quis esconder ao que vinha para não hostilizar o eleitorado de esquerda que votou no irresistível prof. Marcelo. António Costa, como é um “otimista irritante”, acreditou, no seu franco otimismo, que a relação com Marcelo seria de longe mais fácil do que, eventualmente, com um candidato da sua área política. Pelo menos, muito melhor com Marcelo do que com Maria de Belém, pensou Costa.  E mais: Costa também terá pensado que Marcelo poderia fazer durar um estado de graça socialista, graças à animosidade que manteve desde sempre em relação a Pedro Passos Coelho.

Mas as coisas não são exatamente assim. Desde o primeiro dia que Marcelo Rebelo de Sousa demonstrou tencionar ser o mais interventivo dos Presidentes da República – nem Mário Soares falava tanto e sobre tanta coisa ao mesmo tempo. Por um lado, o multitasking presidencial pode transformá-lo numa irrelevância política – Marcelo ainda não se deu conta deste risco, apesar de na campanha eleitoral ter feito um esforço para envergar um fato institucional. Há uma nota dessa irrelevância no facto de o primeiro-ministro ter ignorado totalmente os apelos do Presidente relativamente à educação.

Mas, por outro, mesmo que o crédito político de Marcelo decresça em resultado da sua impossibilidade de não falar continuamente sobre tudo, ele é a primeira figura do Estado. E como o próprio recordou, tem uma legitimidade própria que lhe vem da eleição por voto direto. As coisas já começaram a não correr bem e a última semana foi exemplo disso. É verdade que tal acontece sempre nas relações Presidente-governo. Mas logo ao fim de 70 dias, ninguém esperava.