Sobrevivemos à infância? E torná-la susceptível de nos ligar ao futuro, depende de políticas, de culturas, de mentalidades, de quê, afinal? Entre a introspecção auto-biográfica, a observação sociológica, a estatística da mobilidade social, o relato fantástico/terrível (fantasmagórico) de uma infância e adolescência em carne viva (permeada, sucessivamente, por violência bastante), entre o acerto de contas com o passado (e a mãe, muito em particular), a assunção da complexidade da realidade e a construção de uma sabedoria que rejeita a condescendência, mas não ignora a literatura dos constrangimentos ao elevador social (norte-americano: “num trabalho em que analisa uma série de dados, Chetty e os outros coautores destacam dois factores que explicam a distribuição desigual de oportunidades: a incidência de pais solteiros e de desigualdades salariais. Crescer perto de muitos pais solteiros e morar num lugar onde a maioria dos nossos vizinhos é pobre reduz muito o terreno de possibilidades. Significa que, a menos que tenhamos uma mamaw e um papaw que se certifiquem de que andamos na linha, não há escapatória”, p.254) se faz a elegia de um mundo Hillbilly num retrato cru, de quem, migrando socialmente, continua ligado à corrente de onde proveio.
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