Garagem da Graça.Uma dose de moelas para a mesa diante do DJ


Isto não é uma garagem. Pelo menos não no sentido literal da palavra. Não terá que abrir um portão grande e barulhento para entrar mas lá dentro encontrará uma autêntica reunião entre amigos sempre com espaço para mais um. Aqui poderá ouvir bandas que estão a dar os primeiros passos mas também apreciar o trabalho…


Isto não é uma garagem. Pelo menos não no sentido literal da palavra. Não terá que abrir um portão grande e barulhento para entrar mas lá dentro encontrará uma autêntica reunião entre amigos sempre com espaço para mais um. Aqui poderá ouvir bandas que estão a dar os primeiros passos mas também apreciar o trabalho de pintores, fotógrafos, actores ou comediantes desconhecidos. O novo bar que é um encontro das arte abriu esta semana no lisboeta bairro da Graça.

“Tínhamos o bichinho da coisa nova, queríamos algo diferente”, conta Marta Espada. Ela, de 38 anos e o namorado, Pedro Rodrigues, de 35 eram, respectivamente, empregada de mesa e DJ no Cais do Sodré. Encontraram na Graça a oportunidade para fazer algo seu. “Pretende ser um espaço onde as pessoas possam vir mostrar o seu trabalho. A garagem é o sítio onde normalmente começa tudo”. Hoje, por exemplo, há música de uma dupla, Os Suspeitos do Costume e depois a habitual companhia do DJ. Mas há outros planos para a Garagem da Graça. Marta dá o exemplo do teatro que pode funcionar em trechos, como forma de aliciar para determinado espectáculo. Num futuro próximo também a stand-up comedy, as sessões de poesia e tempo para os alunos de cinema apresentarem as suas curtas e longas metragens. Para já é possível encontrar nas paredes a obra de um fotógrafo que retrata a cidade de Lisboa através dos seus personagens únicos. Todos os meses há exposições novas, para o próximo há pintura.

“Façam o favor de ser felizes” diz-nos Raul Solnado no palco principal, mesmo atrás da mesa de mistura. “Herman e a Canção do Beijinho” ou “Tonicha Zumba na Caneca” compõem o resto da sala com referências a um passado de música e cultura. Uma vez sentado, com imperial (1,50€) ou um copo de vinho na mão (3€), mas vale fazer acompanhar a noite com algum petisco. Uma palavra-chave para estes lados: também a carta está intimamente ligada à comunidade com especialidades da zona. As moelas by “Tasca do Sol” (4€) ou as chamuças de frango by “Penalva da Graça” (1€) são alguns dos exemplos. Destaca-se ainda o petisco “lá de casa” a 1,50€ que todos os dias varia “pode ser patanisca, bola de carne ou uma fatia de bolo”.

As mesas de cabeceira por aí espalhadas, as cadeiras antigas e o sofá velho: assim se faz uma casa acolhedora e despreocupada, a garagem lá de casa. Ao canto, um piano antigo que pode convidar ao improviso. Momento oportuno para relembrar que o bar terá dia de palco aberto que é outra maneira de juntar a comunidade e promover talentos. De um momento para o outro, abre-se o piano ou desencanta-se a guitarra do porta bagagens. Entretanto, não há tempo para sentir falta de outras paragens, confessa Marta: “O Cais é-nos querido mas quase não se consegue andar lá, é claustrofóbico. A nossa cidade merece que se conheça o resto que há para ver.”

Travessa da Pereira, 43. Todos os dias das 22h00 às 4h00, fechado às segundas e terças