No Leste da Ucrânia e na região da Criméia os eventos do fim-de–semana em Kiev foram recebidos com fúria por uma população na sua maioria pró-Rússia, e todos os olhos se viraram na direcção do antigo mestre soviético, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, a classificar de “furiosos arruaceiros” os manifestantes, apelando à Europa que lhes ponha freio.
Com o governo de Viktor Yanukovych deposto, há receios de que a Rússia venha agora promover movimentos separatistas a partir da Criméia que é, na sua maior parte, etnicamente russa. Várias cidades na região preparavam-se ontem para a convocação de comícios pró- -Rússia, e a hipótese de a Ucrânia se ver transformada no palco de uma nova guerra-fria tem sido sugerida por muitos analistas nos últimos dias.
O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, William Hague, disse ontem que a Grã-Bretanha e os seus aliados da União Europeia vão apoiar um novo governo “logo que este esteja formado” e apelou aos políticos ucranianos para que trabalhem em conjunto. Hague advertiu ainda o Kremlin contra a tentação de intervir na “complexa” crise que o país está a viver, e adiantou que Londres quer contribuir para um programa internacional de ajuda económica destinado a amparar a “desesperadamente difícil” situação da economia ucraniana.
Estas declarações são feitas na sequência do anúncio de Moscovo de que iria suspender a segunda tranche de um pacote de ajuda financeira a Kiev, num valor de cerca de 1,5 mil milhões de euros (com o programa a totalizar 11 mil milhões), e de o presidente do parlamento da Criméia ter dito que a região pode separar-se da Ucrânia se os eventos do último fim-de-semana prosseguirem.
