Noite algarvia menos alternativa


Hoje em dia o reggaeton, as latinadas e a pop music são o centro de todas as atenções e parece que tudo o resto desapareceu do Algarve à excepção de uma ou outra festa.


Por José Paulo do Carmo

Todos os verões em Portugal têm um denominador comum. As romarias que levam as nossas gentes e muitos turistas para o Algarve como principal destino de férias, deixando assim as principais cidades do nosso país estranhamente tranquilas e pacíficas. São pequenos e graúdos, avós, pais e filhos, há para todos os gostos e idades. Muitos são jovens em idade para as primeiras saídas à noite ou adultos que continuam a gostar de se divertir com os amigos nos fins de tarde quentes na praia ou mais tarde num dos vários espaços de diversão. Mas se antigamente existia oferta para todos os gostos, estilos musicais bem diferentes e produtos que iam ao encontro da exigência dos vários públicos que procuram esta região para as suas férias, hoje em dia será seguro dizer que essa oferta afunilou e temos neste momento muitos espaços a disputar as mesmas pessoas e um deserto para várias outras.

Ainda sou do tempo em que vários clubes davam cartas com uma programação mais alternativa que fazia as delícias de quem procura este tipo de sonoridades. Tendo Albufeira como palco principal, a Locomia foi numa primeira fase da minha juventude um templo de grandes djs e de fantásticas festas em plena Praia de Santa Eulália, onde a música era o centro de todas as atenções para quem gosta de explorar estilos mais eletrónicos. Grandes nomes da dance scene mundial como Deep Dish, David Morales, Richie Hawtin, Jeff Mills, ou Frankie Knuckles passaram por uma cabine que era símbolo de uma geração que queria dançar mais do que passear a nova camisa ou o vestido mais recente. Era o tempo do ouvir muito mais do que do ver e ser visto.

A seguir o Capítulo V. Black Coffee, Dimitri From Paris, Paul Kalkbrenner ou Luciano…Lembro-me de sair de Lisboa numa carrinha alugada, com os meus amigos, só para ir a um aniversário da casa a convite do Rui Caralinda. Muitas noites de puro prazer pela dança, de rever quem encontrava sempre no mesmo sítio ao som da mesma vontade em viver momentos inesquecíveis, sempre com um sorriso que se ia revelando à medida que o sol nascia e irrompia pela varanda. Foram muitas as noites em que as batidas House, Tech, Soulful e outras fizeram as delícias de tantos. Esta semana, numa noite passada na pista eletrónica do Lick, ao som do Dj Ari revi algumas personagens desses tempos como o Dj King Bizz e o Vitor Silveira aka Ramboiage, e bateu a saudade mas também o sentimento da falta que fazem esses clubs do passado que alimentavam a vontade de viver dos que estão de férias e se identificam com este tipo de sonoridades.

Hoje em dia o reggaeton, as latinadas e a pop music são o centro de todas as atenções e parece que tudo o resto desapareceu do Algarve à excepção de uma ou outra festa. Com gente que prefere outro tipo de entretenimento, mais focado em quem está do que na música. Respeito todas as opções e as escolhas de cada um mas vejo com pena que a diversidade se vai perdendo como se vai perdendo a cultura da dança e com isso perde-se um público que adora se divertir mas que não se sente representado no que existe. Para a semana falarei das tendências deste Verão.

Noite algarvia menos alternativa


Hoje em dia o reggaeton, as latinadas e a pop music são o centro de todas as atenções e parece que tudo o resto desapareceu do Algarve à excepção de uma ou outra festa.


Por José Paulo do Carmo

Todos os verões em Portugal têm um denominador comum. As romarias que levam as nossas gentes e muitos turistas para o Algarve como principal destino de férias, deixando assim as principais cidades do nosso país estranhamente tranquilas e pacíficas. São pequenos e graúdos, avós, pais e filhos, há para todos os gostos e idades. Muitos são jovens em idade para as primeiras saídas à noite ou adultos que continuam a gostar de se divertir com os amigos nos fins de tarde quentes na praia ou mais tarde num dos vários espaços de diversão. Mas se antigamente existia oferta para todos os gostos, estilos musicais bem diferentes e produtos que iam ao encontro da exigência dos vários públicos que procuram esta região para as suas férias, hoje em dia será seguro dizer que essa oferta afunilou e temos neste momento muitos espaços a disputar as mesmas pessoas e um deserto para várias outras.

Ainda sou do tempo em que vários clubes davam cartas com uma programação mais alternativa que fazia as delícias de quem procura este tipo de sonoridades. Tendo Albufeira como palco principal, a Locomia foi numa primeira fase da minha juventude um templo de grandes djs e de fantásticas festas em plena Praia de Santa Eulália, onde a música era o centro de todas as atenções para quem gosta de explorar estilos mais eletrónicos. Grandes nomes da dance scene mundial como Deep Dish, David Morales, Richie Hawtin, Jeff Mills, ou Frankie Knuckles passaram por uma cabine que era símbolo de uma geração que queria dançar mais do que passear a nova camisa ou o vestido mais recente. Era o tempo do ouvir muito mais do que do ver e ser visto.

A seguir o Capítulo V. Black Coffee, Dimitri From Paris, Paul Kalkbrenner ou Luciano…Lembro-me de sair de Lisboa numa carrinha alugada, com os meus amigos, só para ir a um aniversário da casa a convite do Rui Caralinda. Muitas noites de puro prazer pela dança, de rever quem encontrava sempre no mesmo sítio ao som da mesma vontade em viver momentos inesquecíveis, sempre com um sorriso que se ia revelando à medida que o sol nascia e irrompia pela varanda. Foram muitas as noites em que as batidas House, Tech, Soulful e outras fizeram as delícias de tantos. Esta semana, numa noite passada na pista eletrónica do Lick, ao som do Dj Ari revi algumas personagens desses tempos como o Dj King Bizz e o Vitor Silveira aka Ramboiage, e bateu a saudade mas também o sentimento da falta que fazem esses clubs do passado que alimentavam a vontade de viver dos que estão de férias e se identificam com este tipo de sonoridades.

Hoje em dia o reggaeton, as latinadas e a pop music são o centro de todas as atenções e parece que tudo o resto desapareceu do Algarve à excepção de uma ou outra festa. Com gente que prefere outro tipo de entretenimento, mais focado em quem está do que na música. Respeito todas as opções e as escolhas de cada um mas vejo com pena que a diversidade se vai perdendo como se vai perdendo a cultura da dança e com isso perde-se um público que adora se divertir mas que não se sente representado no que existe. Para a semana falarei das tendências deste Verão.