Netflix. A espera acaba amanhã


O serviço de streaming de filmes e séries chega amanhã a Portugal com pacotes entre 7,99 euros e 11,99 euros por mês. O primeiro mês é grátis, para lhe ir ganhando o gosto. Mas valerá a pena meter-se em mais uma despesa?


As preces de quem andava a suspirar pela chegada do Netflix a Portugal foram finalmente ouvidas e o serviço pode começar a ser utilizado amanhã – e com o primeiro mês grátis à experiência, um sonho. O líder mundial de televisão por internet (é indispensável uma ligação sem fios para o usar) chega numa altura em que a maior parte das pessoas está acorrentada a um pacote de TV+net+voz, para não falar em contas de Spotify, comida do gato e afins.

Valerá a pena pagar gastar mais (entre 7,99 euros e 11,99 euros por mês) pelo Netflix? A resposta vai ser conhecida amanhã, quando tivermos acesso ao catálogo inteiro (que está em constante actualização) e percebermos com o que vamos poder contar.

Para já, uma grande desilusão: o TVSéries (também pago – 5 euros/mês ou 2,5 euros/mês para clientes Vodafone) comprou os direitos de exibição das séries da HBO em Portugal, o que quer dizer que não vamos poder ver, por exemplo, “A Guerra dos Tronos”.

Também “House of Cards”, nos Estados Unidos exibida originalmente pelo Netflix, vai estar de fora, uma vez que também foi adquirida pelo TVSéries. Será que vamos poder rever antigos vícios, como “Sete Palmos de Terra” ou“Os Sopranos”?
O Netflix não responde a este tipo de questões e teremos mesmo de contar as horas até amanhã para saber.

O que sabemos mesmo é que “Narcos”, a série de José Padilha (“Tropa de Elite”) com Wagner Moura sobre a vida do colombiano Pablo Escobar, é o grande trunfo da estreia do serviço em Portugal. Mas há mais séries já anunciadas, todas com legendas em português. Por exemplo, “Unbreakable Kimmy Schmidt”, produzida por Tina Fey, “Demolidor”, da Marvel, a histórica “Marco Polo” ou “Chef’s Table”, que segue vários chefes de renome pelo mundo fora, da Argentina à Suécia.

Há grande expectativa também em redor de “Beasts of No Nation”, de Cary Fukunaga (realizador da primeira temporada de “True Detective”), o primeiro filme produzido pelo Netflix e um possível candidato ao Óscar.

O filme estreou em Veneza com alguma polémica e chegou a 27 salas de cinema dos Estados Unidos ao mesmo tempo que foi disponibilizado no Netflix, na sexta-feira. Um número suficiente para cumprir os requisitos da Academia e estar na corrida à estatueta de Melhor Filme.

Outros exclusivos já anunciados são, por exemplo, os filmes “Crouching Tiger, Hidden Dragon: The Green Legend”, “Jadotville”, “The Ridiculous 6” e “War Machine”, este último de Brad Pitt.

Haverá três pacotes de assinatura disponíveis e pode cancelar o serviço quando quiser. O mais simples custa 7,99 euros por mês com um ecrã SD. O plano standard tem dois ecrãs HD por 9,99 euros por mês e o mais caro é o premium, com quatro ecrãs Ultra HD 4K por 11,99 euros por mês.

Em lojas das cadeias Fnac, Media Markt, Auchan e Worten vão estar disponíveis cartões de oferta Netflix e isso pode resolver-lhe vários problemas nas compras de Natal. Por falar nisso, quase nos esquecíamos de dizer que Bill Murray vai protagonizar “A Very Murray Christmas”, com estreia prevista para o início de Dezembro, um programa especial de Natal com realização de Sofia Coppola e convidados como George Clooney, Chris Rock, Amy Poehler ou Miley Cyrus.
Portugal junta-se assim a Espanha (que aderiu hoje ao serviço) na lista dos mais de 50 países com Netflix. Ao todo estima-se que sejam 65 milhões de utilizadores e mais de 100 milhões de horas de séries de televisão e filmes por dia – sem interrupções de publicidade e disponíveis sempre que quiser.

Três Perfis NETFLIX

O solteiro viciado

Apesar de termos escolhido uma foto de “Narcos”, realizado por José Padilha(“Tropa de Elite”), que conta a história da ascensão do traficante Pablo Escobar, não queremos que se vicie em mais nada a não ser nesta série. Não será difícil. O grande trunfo do Netflix tem Wagner Mourta no papel principal e até a música do genérico vicia – “Tuyo”, de Rodrigo Amarante. É a série ideal para estrear o serviço sem se desiludir – e para começar com um pacote simples, de 7,99 euros/mês, que inclui um só ecrã, por exemplo o do iPad, para ver séries e filmes na cama ou em viagens longas. Também se recomenda o documentário sobre Keith Richards, dos Rolling Stones, “Keith Richards: Under The Influence”.

O casal em barcos diferentes

O Netflix standard custa 9,99 euros por mês e inclui dois ecrãs HD. É o ideal para casais em barcos diferentes e que não esperam um pelo outro para ver o último episódio de “Bloodline”, outra das séries exclusivas do serviço, que estreou em Março. A série é um thriller familiar que acontece num resort na Florida onde a aparente calma se transforma em pesadelo com o regresso do filho pródigo. Se esta descrição lhe está a dar bocejos, talvez seja melhor pegar no computador e ir para o quarto ver outra série. Como“Orange Is The New Black”, um original Netflix, que para já não faz parte do catálogo português, embora os direitos estejam a ser renegociados.

A família com muitos apetites

Famílias numerosas, casas onde vive muita gente e pessoas com vários dispositivos devem ficar felizes com um pacote Netflix premium, com quatro ecrãs com boa resolução por 11,99 euros/mês. Há programas para os mais novos, séries para adolescentes e tudo o que quiser ver – em ecrãs diferentes, para não arranjar confusão. Se costumam sentar-se todos à mesa talvez também possam sentar-se todos no sofá para ver “Chef’s Table”, uma série documental que acompanha vários chefes conhecidos pelo mundo fora. A primeira série, com seis episódios, começa com Massimo Bottura, chefe da italiana Osteria Francescana, e acaba com o sueco Magnus Nilsson.