Brasil: 100 dias. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come


Não há saída milagrosa para o problema. Faltam 100 dias para o Mundial e os atrasos são muitos, de estádios a aeroportos. Apressar as obras resultou em mortes de trabalhadores, manter o ritmo não vai resolver tudo. E aí, mermão? AeroportosChegada A maioria dos adeptos voará para o Brasil. E pode esperar problemas logo aí.…


Não há saída milagrosa para o problema. Faltam 100 dias para o Mundial e os atrasos são muitos, de estádios a aeroportos. Apressar as obras resultou em mortes de trabalhadores, manter o ritmo não vai resolver tudo. E aí, mermão?

Aeroportos
Chegada A maioria dos adeptos voará para o Brasil. E pode esperar problemas logo aí. São esperados mais de 600 mil visitantes (3 milhões de brasileiros devem viajar durante o Mundial) e poderão ter de andar por corredores com andaimes, latas de tinta ou entulho. Para não falar em longas filas de espera no check-in ou nas bagagens. É que as obras estão longe do fim. Por exemplo, RJ e Porto Alegre só estarão prontas em 2015, Curitiba em 2016 (a tempo dos JO) e Fortaleza em 2017. OBrasil prometeu tapete vermelho para receber os visitantes; para já, em Fortaleza, será encaminhado para estruturas provisórias de lona. Sem glamour… mas com segurança?

Estádios
Bronca Mais uma. No prazo de entrega dos estádios (31/12/2013), só 6 em 12 estavam prontos. Agora “só” falta concluir 4. Os custos ascendem aos 2,5 mil milhões de euros, o previsto eram 0,9 mil milhões (desvio de 285%). Acelerar as obras já resultou na morte de vários trabalhadores. “Estamos trabalhando em condições em que o cimento ainda não está seco”, confessou um responsável da FIFA. Para não falar nos elefantes brancos em que vão tornar após um mês de utilização no Mundial.
OBrasil investiu 11 mil milhões para organizar
o torneio, quase tanto como os gastos de 12,8 mil milhões previstos em 2013 para a educação – opaís tem quase 14 milhões de analfabetos adultos (8.º do mundo).

Manifestações
Agitação Em 2013 os brasileiros aproveitaram a Taça das Confederações para se manifestar em peso e mostrar ao mundo o seu desagrado com a corrupção no país. Aumentam as críticas aos gastos no Mundial, que contrastam com o investimento na saúde ou na educação, sectores fragilizados. Um ligeiroaumento no preço dos transportes públicos aumentou o desagrado e os confrontos quase geravam um motim nas maiores cidades. Com o mundo de olhos postos no Brasil, este Verão, teme-se que a contestação popular aumente.

Transportes
Bala lenta Em 2009, Dilma prometeu um TGV (o nome brasileiro é mais divertido: trem-bala) a tempo do Mundial, entre Campinas e Rio Janeiro, com passagem por São Paulo. Se vai ao Brasil, é melhor pensar em alternativas, pois o projecto não saiu do papel. Os projectos de mobilidade urbana (criar corredores de BUS, alargar vias e construir acessos, entre outros) são 41 mas apenas cinco foram concluídos. A FIFA sabe que a maioria não ficará pronta a tempo do Mundial. Por isso o governo pondera decretar feriados nos dias de jogos do Brasil, para aliviar o trânsito.

Preços
É fartar Não é novidade. Mas no Brasil
o fenómeno ameaça ser de grandes proporções e já obrigou à intervenção do governo. Um voo Rio-São Paulo, que custa em média 35 euros, pode ficar em mais de 250 (7 vezes mais) durante a prova. Estima-se que as tarifas hoteleiras aumentem até 375%. “Aqueles que pensam que podem abusar dos consumidores precisam de saber que a mão pesada do poder público vai agir”, afirmou o ministro do Desporto brasileiro. Movimentos como o “Rio $urreal – Não Pague” (mais de 200 mil likes no facebook) alertam para os preços exorbitantes. Durante um mês é fartar, vilanagem.

Cursos inglês
Criativo Ok, nem tudo podem ser más notícias. A preocupação de receber bem os adeptos tem sido levada a sério. Em Belo Horizonte, as prostitutas têm direito
a cursos grátis de Inglês para comunicar com os turistas. A ideia é ensinar o básico, como “fruta” (será que as meninas também ouviram falar no Apito Dourado?) e vocabulário técnico como “condom” (preservativo). Os professores também ensinam frases em espanhol, francês e italiano. Em Porto Alegre foram oferecidos cursos de Inglês aos taxistas, mas mais de metade desistiram das aulas. Noutros locais há cursos gratuitos de padeiro, churrasqueiro ou agente de viagens. Criatividade não falta aos brasileiros.