Astrologia. De uma maneira ou de outra, tudo vai correr bem

Astrologia. De uma maneira ou de outra, tudo vai correr bem


Para muitos, Setembro é o mês do “vamos lá a isto outra vez” e os astros podem ser importantes. A astróloga Luiza Azancot diz-nos como e porquê.


Para cada novo ano (daqueles que começam a 1 de Janeiro ou depois das férias, vai dar no mesmo), há quem vá pelas promessas – “juro que se for promovido rapo o cabelo”, ainda que possamos estar a falar de alguém que nunca teve o cabelo grande –; há quem prefira agarrar-se às vitaminas e valdisperts; e ainda há os que, tentando perceber o que aí vem, recorrem à astrologia. Do nosso lado, não é que queiramos saber do futuro, mas se é disso que aqui se fala, nada melhor do que tratarmos do tema com alguém profissional na área.

Luiza Azancot, 65 anos – que estudou astropsicologia com Glenn Perry nos EUA –, publicou em Julho, pela Temas e Debates, o livro “Diário de uma Astróloga”. A mesma que nos dá uma mãozinha para desmistificar os tabus da astrologia, enquanto tenta convencer alguém completamente céptico em relação à temática. Ainda agora começou e a coisa já promete.

À partida, Luiza confirma-nos que estamos em época alta no que à astrologia diz respeito. “Acabaram as férias. Na altura de férias, ninguém quer pensar em astrologia. E esta é uma altura em que as pessoas começam a reavaliar coisas, algo que está perfeitamente correcto. No fim de Agosto, o sol transita do signo de Leão, que é equacionado com férias e divertimento, para o signo de Virgem, ligado ao trabalho, mais metódico. Essa energia começa a sentir-se: ‘Será que estou no emprego certo?’ Efectivamente, é uma época em que temos mais para fazer”, confessa. 

É DE RECORRER AO GPS?

Não nos precipitemos na resposta à pergunta deste subtítulo, tudo a seu tempo. É que, independentemente de a rentrée nos estar a coçar as costas, há que entender o que aqui se fala – tentar não custa – sem que pareçamos aves raras ou uma performance de palhaços na qual os pais são obrigados a rir. Luiza indica-nos que para se seguir esta profissão há que gostar, isto antes de nos avisar que grande parte dos astrólogos decidiram enveredar por este trilho por lhes faltar alguma coisa.

“A mim, o que não me preenchia era talvez a questão religiosa. Tem de haver qualquer interesse que não seja ‘vou descobrir se vou encontrar o homem da minha vida’, tem de haver um interesse mais profundo.” Posto isto, quase todos começam como autodidactas, compram manuais, frequentam cursos de determinados astrólogos ou escolas: “As possibilidade são, neste momento, praticamente ilimitadas.”

Algo que sempre se procura clarificar é a importância da carta astral. Luiza resume-a desta forma: “A carta não é mais do que uma representação em duas dimensões do estado em que estão os astros visto a partir do sítio onde as pessoas estão. Astrologicamente, a pessoa é o centro.” Ou seja, se dois planetas se encontram em ângulos distintos, têm significados diferentes. Até aqui, nada de extraordinário. Quando, já empregando as vestes dos sujeitos mais cépticos do mundo, utilizamos a palavra “previsão”, Luiza cai-nos em cima – sem um pingo de maldade, claro. Para cada palavra a sua designação. “Não faço previsões, indico tendências. É importante perceber que o que fazemos é uma indicação. Considero-me o GPS da astrologia, e não é pelo facto de ter o GPS que alguém decide fazer a viagem. A sua viagem é mais fácil com GPS, só isso. Isto é uma indicação para o autoconhecimento, para procurar uma época propícia para fazer determinada coisa ou não fazer.” 

Fica assim respondida a tal questão do subtítulo. Por acaso somos de achar que o GPS só confunde, só nos leva por caminhos que desconhecemos e que, de forma geral, acabam por nos fazer dar uma volta enorme. Antes de avançar, há que esclarecer que isto se trata apenas de um aparte contra o dito aparelho, nada mais.

DAS DUAS UMA

Ou vai, ou racha. Ou sim ou sopas. Quem não tem cão caça com gato. Bem, já chega desta lista de frases feitas/provérbios, que há mais por dizer. Como por exemplo: quisemos saber se Luiza Azancot consegue admitir que, por vezes, as tendências que sugere podem não bater certo com o destino dos seus clientes. A resposta serve-se desta maneira: “Deixe-me dar-lhe um exemplo. Uma cliente disse-me que na sua empresa ia ter uma reunião brevemente e que não sabia se ia ser despedida. Eu também não, não sou bruxa, não tenho uma bola de cristal. O que posso é olhar para a carta dela e dizer se vejo alguns aspectos de dificuldade económica nos próximos tempos, através dos signos e dos ciclos planetários. Como não vi, das duas uma: ou não a despedem, ou a despedem e ela imediatamente arranja um novo emprego.” Está bem visto.

Simples como água, pelo menos para Luiza, que em seguida confessa que já teve “reclamações”. “Sim, uma cliente com uma situação semelhante à que lhe contei agora e que, de facto, não arranjou trabalho de imediato. Aconselhei-a a tentar um part-time, coisa que ela não queria. Quando o fez, encontrou o seu actual marido e já têm dois filhos”, remata. Ou seja, mesmo nos piores momentos, o que resta é esperar, compreender que estamos numa fase complexa da nossa vida e que a poeira vai assentar.

A isto une-se a tentativa de Luiza de convencer os mais cépticos, numa resposta que se podia traduzir em algo como “não há nada a perder”. “A astrologia permite-lhe ver as coisas de uma forma mais alargada. Uma consulta astrológica confirma-lhe quais são as suas fraquezas e as suas forças, confirma-lhe o ciclo que está a viver. Há muitas pessoas que têm grandes perguntas sobre a vida – a astrologia dá algumas dessas respostas.

É um guia de autoconhecimento. Mesmo que não seja um guia de mais nada, a pessoa fica a conhecer-se melhor, a poder ir mais longe no caminho que escolheu. Estou convencida de que esse é o grande valor da astrologia, é tornar as pessoas mais aptas a ser quem são.” Resta perceber se se quer ser quem se é.