Os eleitores a nível global revelam cada vez mais dúvidas sobre se as eleições são livres e justas. A conclusão é de um estudo do Instituto Internacional de Democracia e Apoio Eleitoral (IDEA) que mostra ainda que menos de metade das pessoas estão satisfeitas com os seus governos e que são cada vez mais os que questionam se esses governos foram eleitos de forma transparente
O estudo, divulgado esta quinta-feira, auscultou eleitores em 19 países, incluindo três das maiores democracias mundiais (Brasil, Índia e EUA), que representam cerca de um terço da população mundial. Em oito dos 19 países, a maioria dos inquiridos mostra-se favorável ao surgimento de um líder forte, que seja capaz de contornar as dificuldades do escrutínio dos parlamentos.
A responsável do departamento de investigação da IDEA lembra que esta tendência de descrença na transparência eleitoral começou já há alguns anos, com os eleitores a aumentarem o seu ceticismo sobre o resultado das consultas populares.
Seema Sha aponta duas grandes razões para este fenómeno: o aumento do financiamento das campanhas eleitorais e a cobertura mediática das eleições, com frequentes queixas de falta de imparcialidade.
“Mas há um outro fator importante: o facto de cada vez mais os líderes recorrerem à desinformação para falar das eleições, lançando na opinião pública a dúvida fundada sobre a transparência dos processos”, disse Sha, citada pela agência Lusa.
Também o secretário-geral da IDEA salienta que os resultados deste estudo são “um alerta para as democracias”. “As democracias devem responder ao ceticismo do seu público, tanto melhorando a governação como combatendo a cultura crescente de desinformação que tem fomentado falsas acusações contra eleições credíveis”, defende Kevin Casas-Zamora