O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho apresentou, esta segunda-feira, o livro Identidade e Família, que conta com 22 contributos da direita mais conservadora, e não só, e que tem como objetivo alertar para a “destruição da família” tradicional.
Entre os contributos estão Bagão Félix, César das Neves, Jaime Nogueira Pinto, Ribeiro e Castro e Manuel Monteiro ou Manuela Ramalho Eanes. Vários membros da Igreja como Manuel Clemente deram a sua ‘bênção’ à obra.
“O conceito de família foi evoluindo ao longo do tempo. Há muitos desafios hoje. A família nem sempre é considerada nas políticas públicas e as políticas públicas muitas vezes desconsideram as famílias, em qualquer das suas visões ou idealização”, disse o ex-líder do PSD à entrada da Livraria Buchholz, onde apresentou o livro. “A minha função é chamar a atenção e sublinhar a oportunidade que matérias como estas que aqui são tratadas devem merecer do espaço público e da discussão pública”, acrescentou.
“Sabemos que há no espaço público uma preocupação de excessivamente procurar criar rótulos que são utilizados com uma intenção clara de desqualificar aqueles que lançam as discussões, de os diminuir e de os condicionar”, disse Passos, que lembrou que foi, no passado, considerado fascista várias vezes. “Incomoda-me que estas caricaturas excessivas sejam utilizadas por quem tem proeminência no espaço público”, acrescentando que esse tipo de atitude torna o “debate mais pobre e radicalizado, porque não deixa espaço para compromissos”.
Já sobre as linhas vermelhas entre o PSD e o Chega, Passos foi, mais uma vez, polémico: “Dizer que respeitamos as pessoas, mas não respeitamos as suas opções, é um bocadinho um insulto. Se fizer esta escolha, daqui não leva nada. Se fizer aquela escolha, comigo não fala. Não é uma maneira urbana de construirmos um mundo melhor”.
Papa contra mudança de sexo
Entretanto, ficou ontem a saber-se que o Dicastério para a Doutrina da Fé, do Vaticano, anunciou que concluiu um trabalho de cinco anos, Dignitas infinita, que se debruçou sobre vários temas do magistério papal da última década: da guerra à pobreza, da violência contra os migrantes àquela contra as mulheres, do aborto à maternidade sub-rogada e à eutanásia, da teoria do género à violência digital, escreveu o Vatican News, órgão oficial do Vaticano. O ponto que tem dado mais que falar refere-se à ideologia de género, onde se começa por apelar ao fim da violência contra a “injusta discriminação sexual”. Mas, ao mesmo tempo, diz que a mudança de sexo “arrisca ameaçar a dignidade única que a pessoa recebeu desde o momento da conceção. Isto não significa excluir a possibilidade que uma pessoa portadora de anomalias dos genitais, já evidentes desde o nascimento ou que se manifestem sucessivamente, possa decidir-se por receber assistência médica com o fim de resolver tais anomalias”.