Paulo Raimundo: de ilustre desconhecido a capa de revista

Paulo Raimundo: de ilustre desconhecido a capa de revista


Há um mês na liderança, o novo secretário-geral do PCP tem intensificado a sua presença mediática, num registo muito pouco habitual para o ortodoxo Partido Comunista Português.


Para alguns passou despercebido, mas para os mais atentos o testemunho que Paulo Raimundo deu na semana passada à revista do Record marca o lançamento do novo secretário-geral do PCP no palco mediático. Antes de ser eleito, estava longe dos holofotes e  era umdesconhecido do grande público e da maioria dos analistas políticos, agora dá a conhecer quem é o ‘proletário’ à frente da máquina do PCP.

Num registo a que os comunistas nunca nos habituaram, com uma comunicação externa mais próxima e num estilo quase de conversa de café, o novo líder regressou ao bairro da Amoreira, mais conhecido pelo Estádio António Coimbra da Mota, casa do Estoril Praia, para relembrar os primeiros anos da sua infância e o seu passado com raízes no futebol.

Os pais, naturais do distrito de Beja, viviam do trabalho. O pai ora como guardador de porcos, ora como sapateiro. A mãe servia nas casas. Até que se mudaram para a Amoreira, onde foram funcionários do clube, antes ainda com uma breve passagem por Oeiras. Depois mudaram-se para Setúbal, onde moram até hoje.

Do tempo que passou naquele relvado do Estádio António Coimbra da Mota as memórias são curtas, tendo levado sobretudo o desportivismo e o espírito associativo.

De coração vermelho, seja na política ou no futebol, revelou ser benfiquista. A nível profissional, foi carpinteiro, padeiro e animador cultural. E na atividade partidária começou por ingressar na Juventude Comunista em 1991 e passados três anos era já membro do PCP, chegando ao Comité Central em 1996.

Ao Record afirmou que a sua consciência socio-política também surgiu da vivência desportiva. Já em Setúbal, jogou durante muitos anos federado no Estrelas do Faralhão como defesa-esquerdo, crescendo no seio do mundo operário também dentro do balneário. 

«Éramos filhos de trabalhadores, todos com as mesmas dificuldades e vivências […] Jogávamos com equipamentos dos seniores, com calções que parecia que estávamos na Sibéria. As botas eram quatro, cinco números acima… e defrontávamos equipas com tudo à medida, de bota engraxada. Até nisso se viam as desigualdades sociais e económicas, as injustiças», cita o Record.

Já tendo completado um mês como secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo tem vindo a intensificar a sua presença na comunicação social, quer com intervenções distantes das do seu antecessor Jerónimo de Sousa sobre a guerra na Ucrânia e agora com diversas entrevistas, a mais recente foi ao Expresso.