Se o Ronaldo fosse governante


 Ainda não demonstramos vontade de mandar o PS e as suas equipas repetidas para banco, para refletirem sobre o que andam a fazer, como quisemos tanto que acontecesse ao Ronaldo.


Por João Conde, Presidente da Juventude Popular de Setúbal

A seleção nacional de futebol tinha no plantel o melhor jogador de futebol português, pelo menos do século XXI para não ferir suscetibilidades. No entanto, após o jogo com a Coreia do Sul, quando foram analisadas imagens e feita a leitura labial do momento em que Cristiano Ronaldo abandonava o campo para ser substituído, caiu o Carmo e a Trindade. O jogador não gostou de ser substituído e cometeu o pecado de o expressar em voz alta e em bom português.

A partir daí, a opinião pública anónima e não anónima, dividiu-se no grande debate sobre se Ronaldo devia ser castigado por tal. O treinador achou que sim e colocou-o no banco no jogo seguinte – ainda que tenha justificado como uma decisão meramente estratégica, a verdade é que a coincidência foi gritante e muito se leu e ouviu sobre o quão merecido tinha sido este castigo. Os repórteres dos telejornais desdobraram-se em entrevistas na rua para captar o que achavam os adeptos sobre a decisão. Pelo que fui vendo a maioria concordava e após o jogo ainda mais, pois o substituto tinha feito um hat-trick.

Ao Ronaldo, bastou uma frase para que se fosse construindo uma unânime vontade de o admoestar, de o mandar para o banco pensar no que fez. Não há abébias para ninguém nem para o melhor marcador de sempre da seleção, cinco vezes melhor jogador do mundo. E é permitido a toda a sociedade comentar sobre isso, percebendo ou não de futebol.

Este instinto implacável português, esta exigência extremamente rigorosa, bem que podia ser repartida com outros assuntos que, para não dizer que afetam mais, pelo menos também afetam a nossa vida. É caricata a nossa total intolerância para com um comportamento que nos desagrada num jogador de futebol, mesmo sendo este o melhor que temos, e a nossa benevolência para com a incompetência e o comportamento desviante repetido, por parte de outros nossos representantes em muitas outras esferas.

Atentemos ao caso do Governo. Não é de todo o melhor Governo do mundo. Nunca foi e provavelmente não há de ser. Também não temos propriamente um Ronaldo a liderá-lo e nem tão pouco vem de uma equipa que nos faz ganhar – o Partido Socialista. Pelo contrário, são repetidos os casos em marcam golos na própria baliza, grande parte propositadamente, porque preferem colocar a titulares os amigos ou os familiares do que os melhores jogadores, vindos de outras equipas, nacionais ou internacionais.

Enquanto na seleção Portugal ganhou títulos nos últimos anos e mantém-se no top mundial, na vida real a equipa que nos governa dá-nos títulos de jornais acerca de favorecimento, corrupção, compadrio e deixa-nos ser ultrapassados por todos os outros países, tendo sido recentemente previsto que o próximo será a Roménia. Caminhamos com despreocupação para o fim da tabela, para nos posicionarmos como país mais pobre da Europa. Quem sabe teremos daqui a uns anos portugueses que emigram para a Roménia para conseguirem uma vida melhor.

Mesmo com este cenário que se repete há anos, os portugueses continuam a ter uma tolerância inexcedível para com os protagonistas. O Partido Socialista apesar do seu histórico de condução do país à bancarrota, por mais que uma vez, apesar dos escândalos de aproveitamento de cargos para benefício pessoal, é premiado com maiorias absolutas e aposta nos mesmos plantéis salvo uma ou outra pequena exceção. Ainda não demonstramos vontade de mandar o PS e as suas equipas repetidas para banco, para refletirem sobre o que andam a fazer, como quisemos tanto que acontecesse ao Ronaldo.

Porque é que aos melhores não se perdoa um deslize e aos piores dá-se mil e uma oportunidades? O que é que falta para transportarmos a exigência que temos para com a seleção de futebol, para a seleção de governantes que condicionam o nosso dia-a-dia?

 

Se o Ronaldo fosse governante


 Ainda não demonstramos vontade de mandar o PS e as suas equipas repetidas para banco, para refletirem sobre o que andam a fazer, como quisemos tanto que acontecesse ao Ronaldo.


Por João Conde, Presidente da Juventude Popular de Setúbal

A seleção nacional de futebol tinha no plantel o melhor jogador de futebol português, pelo menos do século XXI para não ferir suscetibilidades. No entanto, após o jogo com a Coreia do Sul, quando foram analisadas imagens e feita a leitura labial do momento em que Cristiano Ronaldo abandonava o campo para ser substituído, caiu o Carmo e a Trindade. O jogador não gostou de ser substituído e cometeu o pecado de o expressar em voz alta e em bom português.

A partir daí, a opinião pública anónima e não anónima, dividiu-se no grande debate sobre se Ronaldo devia ser castigado por tal. O treinador achou que sim e colocou-o no banco no jogo seguinte – ainda que tenha justificado como uma decisão meramente estratégica, a verdade é que a coincidência foi gritante e muito se leu e ouviu sobre o quão merecido tinha sido este castigo. Os repórteres dos telejornais desdobraram-se em entrevistas na rua para captar o que achavam os adeptos sobre a decisão. Pelo que fui vendo a maioria concordava e após o jogo ainda mais, pois o substituto tinha feito um hat-trick.

Ao Ronaldo, bastou uma frase para que se fosse construindo uma unânime vontade de o admoestar, de o mandar para o banco pensar no que fez. Não há abébias para ninguém nem para o melhor marcador de sempre da seleção, cinco vezes melhor jogador do mundo. E é permitido a toda a sociedade comentar sobre isso, percebendo ou não de futebol.

Este instinto implacável português, esta exigência extremamente rigorosa, bem que podia ser repartida com outros assuntos que, para não dizer que afetam mais, pelo menos também afetam a nossa vida. É caricata a nossa total intolerância para com um comportamento que nos desagrada num jogador de futebol, mesmo sendo este o melhor que temos, e a nossa benevolência para com a incompetência e o comportamento desviante repetido, por parte de outros nossos representantes em muitas outras esferas.

Atentemos ao caso do Governo. Não é de todo o melhor Governo do mundo. Nunca foi e provavelmente não há de ser. Também não temos propriamente um Ronaldo a liderá-lo e nem tão pouco vem de uma equipa que nos faz ganhar – o Partido Socialista. Pelo contrário, são repetidos os casos em marcam golos na própria baliza, grande parte propositadamente, porque preferem colocar a titulares os amigos ou os familiares do que os melhores jogadores, vindos de outras equipas, nacionais ou internacionais.

Enquanto na seleção Portugal ganhou títulos nos últimos anos e mantém-se no top mundial, na vida real a equipa que nos governa dá-nos títulos de jornais acerca de favorecimento, corrupção, compadrio e deixa-nos ser ultrapassados por todos os outros países, tendo sido recentemente previsto que o próximo será a Roménia. Caminhamos com despreocupação para o fim da tabela, para nos posicionarmos como país mais pobre da Europa. Quem sabe teremos daqui a uns anos portugueses que emigram para a Roménia para conseguirem uma vida melhor.

Mesmo com este cenário que se repete há anos, os portugueses continuam a ter uma tolerância inexcedível para com os protagonistas. O Partido Socialista apesar do seu histórico de condução do país à bancarrota, por mais que uma vez, apesar dos escândalos de aproveitamento de cargos para benefício pessoal, é premiado com maiorias absolutas e aposta nos mesmos plantéis salvo uma ou outra pequena exceção. Ainda não demonstramos vontade de mandar o PS e as suas equipas repetidas para banco, para refletirem sobre o que andam a fazer, como quisemos tanto que acontecesse ao Ronaldo.

Porque é que aos melhores não se perdoa um deslize e aos piores dá-se mil e uma oportunidades? O que é que falta para transportarmos a exigência que temos para com a seleção de futebol, para a seleção de governantes que condicionam o nosso dia-a-dia?