Sphero Eggo e outras inovações. Os fenómenos do presente que serão o nosso futuro

Sphero Eggo e outras inovações. Os fenómenos do presente que serão o nosso futuro


Em 2030, estima-se que o mercado dos alimentos de origem vegetal alcance o valor de 154 mil milhões de euros.


O ovo 100% vegetal que nasceu em Portugal tem dado que falar, principalmente desde o início desta semana. Segundo Daniel Abegão, administrador e responsável técnico do CFER – Centre for Food Education e Research, localizado em Alcobaça, distrito de Leiria, este alimento foi criado a partir da soja, planta que possui “propriedades físico-químicas que lhes permitem substituir o ovo e imitá-lo, também em termos da sua forma de confeção”, como adiantou à agência Lusa. Juntam-se outros extratos vegetais na sua composição, resultando num produto “que parece ovo, cheira a ovo, sabe a ovo, mas que não é ovo”.

“Permite dar ao consumidor final, seja vegetariano ou apenas adepto de uma alimentação mais saudável e mais sustentável, um produto semelhante ao ovo e que não vai, de certeza absoluta, deixar saudades do ovo original da galinha”, garantiu. Mas a também portuguesa Daflori foi pioneira: “Procura um substituto do ovo para completar as suas refeições? Nós ajudamos!”, promete. “Apresentamos-te o ‘Ovos Vegan’, o nosso substituto do ovo 100% vegetal, composto por proteína de ervilha, carotenos e fibras vegetais. Ovos Vegan é ideal para bolos, panquecas, pão e qualquer receita de pastelaria. 10g do Ovos Vegan mais 40ml de água equivale a 1 Ovo Vegan. Ideal para si!”.

Além do ovo vegetal da CFER e da Daflori, existem outras novidades que têm vindo a surgir nas prateleiras dos supermercados. A título de exemplo, hambúrgueres de feijão preto ou grão de bico e caril já têm conquistado o seu terreno, existindo inúmeras receitas online, mas são as variantes sem proteína animal que fazem furor atualmente. Grandes cadeiras têm investido nestas variantes: há três anos, o Burguer King começou a comercializar o Impossible Whopper, que imita o hambúrguer mais famoso da marca norte-americana.

“Nós fizemos um teste cego aos nossos franchisados, com pessoas no escritório, com os meus colegas na equipa executiva, e praticamente ninguém consegue ver a diferença”, disse Christopher Finazzo, presidente da cadeia na América do Norte, ao jornal britânico The Guardian. Sabe-se que este produto foi desenvolvido em estreita colaboração com a Impossible Foods, sediada na Califórnia, que se dedica à produção de substitutos à base de plantas. Por isso mesmo, foi prometido, desde o início, que o Impossible Whopper sangraria como um hambúrguer convencional através da utilização de uma levedura geneticamente modificada que produz hemo, uma proteína que simula o sabor da carne.

Todavia, a aceitação deste hambúrguer não é transversal, uma vez que contém levedura geneticamente modificada, é composto por soja processada e possui um elevado teor de gordura saturada e sal. Quem criou um hambúrguer muito semelhante a este foi a McDonald’s. Não se limitando à venda do McVeggie – composto por quinoa, tomate, alface e molho de alho e coentros e, contudo, contendo leite e ovo –, deu um passo em frente com o McPlant. “Criámos um hambúrguer delicioso que vai ser a primeira opção no nosso menu completamente feita de plantas”, reforçou Ian Borden, presidente da McDonald’s International, em setembro do ano passado.

“No futuro, o McPlant pode alargar-se a toda uma nova linha de produtos feitos à base de plantas, sejam hambúrgueres, substitutos de frango ou até sanduíches de pequeno-almoço”, afirmou Borden, adicionando que este hambúrguer vegetal foi pensado em parceria com a Beyond Meat, a empresa que ficou conhecida por ser uma das primeiras a comercializar hambúrgueres totalmente veganos que sabem a carne.

A indústria cresce para lá dos ingredientes mais convencionais, tendo em conta que produtos como snacks de algas marinhas crocantes ou arroz e massa de Konjac – compostos maioritariamente por água e fibra do inhame de konjac asiático – são cada vez mais apreciados nacional e internacionalmente. E os números são animadores para a indústria: as chamadas plant-based foods estão a ganhar terreno e, até 2030, espera-se que o mercado global de alimentos à base de plantas tenha o valor de 161,9 mil milhões de dólares (cerca de 154 mil milhões de euros). Esta conclusão foi veiculada pela The Very Good Food Company, representando este número um aumento de 355% em relação a 2021.

A aplicação Veggly levou a cabo um inquérito a nível mundial, concluindo que, de 8.500 entrevistados oriundos de mais de 100 países, mais de 50% eram veganos por motivos de saúde. Quase 90% dos entrevistados citaram o bem-estar animal como motivo primordial para optar por estes alimentos – mais 5.43% mulheres do que homens –, e há cada vez mais pessoas a tornar-se veganas devido a razões de sustentabilidade, na medida em que se questionam acerca do impacto ambiental que terá a dieta que seguem.

Naquilo que diz respeito ao caso português, em novembro do ano passado a consultora espanhola Lantern, por meio de um estudo, chegou à conclusão de que o número de adultos que segue uma dieta predominantemente vegetal em Portugal é superior a um milhão de pessoas. Ou seja, 11,9% da população já se assume como veggie — o termo que engloba vegans (40 mil pessoas que excluem qualquer tipo de produto animal da sua alimentação), vegetarianos (180 mil portugueses que não comem peixe nem carne, mas consomem os seus derivados, como ovos, leite e mel) e flexitarianos (um termo que se tem popularizado e serve para identificar aqueles que comem carne e peixe pontualmente, sendo adotado por 800 mil cidadãos).

Barras Proteicas

“Fonte de proteína e ricas em fibra”

As barras proteicas Mealworm Bites “são elaboradas a partir de ingredientes 100% naturais e são fonte de proteína e ricas em fibra”, de acordo com a startup Portugal Bugs, com sede em Matosinhos, que produz este e outros alimentos. Estes produtos têm o selo ‘Continente Food Lab’ e “são lançados numa ótica experimental e dinâmica, em que o feedback dos clientes é crucial para que se mantenham nas lojas”, refere a Sonae.

Insetos desidratados

Utilize-os como topping em saladas, sopas e massas ou opte por comê-los enquanto snack

“Os snacks Tasty Mealworms são insetos desidratados temperados com pimenta cayenne ou sal marinho, ricos em proteína e fonte de fibra. Além de serem um snack rápido, prático e nutritivo, podem ser adicionados como topping em saladas, sopas e massas”, detalha a Sonae. Se fizermos uma pesquisa, encontramos várias opções de consumo, como a utilização destes insetos como snack ou salteados para servirem de acompanhamento.

Chocolates

Chocolate, amêndoa, manteiga de amendoim… E insetos!

Chocolates e barras proteicas desta marca seguem o mesmo padrão: ingredientes 100% naturais, disponíveis com os sabores chocolate e amêndoa; figo e laranja; maçã e canela; e manteiga de amendoim e mel. A Auchan está a dar a conhecer estes alimentos no Future Taste, um espaço dedicado a tendências alimentares inovadoras, comercializando duas versões: com 70 por cento de cacau ou chocolate de leite, ambas com topping de larvas.

Massa
“A massa proteica perfeita para a tua refeição”

“O fusilli proteico da Portugal bugs é a massa proteica perfeita para a tua refeição. Produzida apenas com sêmola de trigo duro e farinha de búfalo. Posteriormente, é moldada e cortada através de moldes de bronze e por fim a massa é seca de forma lenta”, esclarece a Portugal Bugs no seu site oficial, esclarecendo que “por causa de ser produzido em moldes de bronze, o fusilli é irregular e poroso permitindo reter qualquer tipo de molho”. A cozedura é mais rápida do que a da maioria das massas: fica pronto em cinco minutos.

Ovo 100% vegetal
“Mimetiza o ovo, no seu sabor, no seu aroma, na sua nutrição”

Uma empresa portuguesa acaba de anunciar que criou um ovo 100% vegetal. “Mimetiza o ovo, no seu sabor, no seu aroma, na sua nutrição. Conseguimos criar um produto 100% a partir de extractos vegetais, que faz ovos mexidos deliciosos, faz boas omeletes e tem utilização em padaria e pastelaria”, explicou Daniel Abegão, administrador e responsável técnico do CFER – Centre for Food Education e Research, localizado em Alcobaça.

Hambúrguer, almôndegas e nuggets de proteína vegetal
“Tem tudo de bom”

Entre todos os alimentos elencados, estes são os mais conhecidos. São comercializados por várias marcas, apresentando igualmente sabores distintos. “Usamos proteína de ervilha nas nossas receitas para obter estes produtos deliciosos, nutritivos e 100% vegetarianos. Green Cuisine tem tudo de bom: o melhor dos vegetais em refeições sempre frescas e saborosas que têm tudo que precisa. 0% carne 100% sabor!”, publicita a Iglo.

Leite à base de ervilha
“Pode ser usada para tudo o que os consumidores usariam para o leite”

Em maio do ano passado, a Nestlé lançou o Wunda, descrito pela revista ‘Grande Consumo’ “como uma nova bebida à base de ervilha que a empresa afirma pode ser usada para tudo o que os consumidores usariam para o leite”. Esta linha inclui as versões sem açúcar e chocolate e é produzida a partir de ervilhas amarelas, provenientes da França e da Bélgica, que fornecem ao nosso organismo proteínas de alta qualidade. Esta alternativa ao leite é rica em fibras e pobre em açúcar e gordura.

Camarão e peixe falsos
“Salteado, grelhado, panado, assado ou frito”

“O nosso camarão é uma delícia de outro mundo. […] Desfrute desta deliciosa alternativa à base de plantas no seu prato quente de camarão favorito: salteado, grelhado, panado, assado ou frito”, revela a empresa norte-americana New Wave Foods no seu site oficial. “Tem gosto de camarão tradicional. Então vá em frente, morda algo realmente fantástico. É à base de plantas, sustentável, vegetariano e kosher”.