Horas depois do anúncio dos Estados Unidos da proibição de importação de petróleo, gás natural e carvão russo, a retaliação de Moscovo. Ao final do dia, a imprensa internacional avançou que Vladimir Putin, que já tinha considerado as sanções ocidentais “ semelhantes a declaração de guerra”, assinou um decreto que irá banir, até ao final do ano, as exportações de algumas matérias primas. Será regulamentado nas próximas 48 horas e as preocupações na Europa recairão sobre os produtos petrolíferos, já que 40% do gás natural da UE provém da Rússia, bem como 30% do petróleo.
Ao fazer o anúncio, Joe Biden admitiu estar a atingir “a principal artéria da economia” russa. O Kremlin ameaçou cortar a venda de gás natural para a Alemanha e anteviu um futuro em que o preço do barril pode chegar aos 300 dólares, o triplo de antes da guerra, “ou mais”, alertou o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak.
Para os EUA, a manobra da Casa Branca foi sobretudo simbólica, dado que os americanos dependem muito pouco da energia russa – compraram uma média de apenas 209 mil barris de crude da Rússia por dia, uns 3% das suas importações. A decisão do presidente americano “encoraja outros países e líderes a segui-lo”, respondeu o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, no Twitter, considerando que tal “atinge o coração da máquina de guerra de Putin”. No entanto, boa parte dos aliados europeus do Kremlin, extremamente dependentes da energia russa, não pareceram particularmente inspirados. O próprio Biden admitiu isso quando anunciou a sua proibição, reconhecendo que muitos países na Europa “podem não estar numa posição” que lhes permita fazer o mesmo.
“Os Estados Unidos produzem muito mais petróleo domesticamente que todos os países europeus combinados”, explicou o Presidente. “Mas estamos a trabalhar de forma muito próxima com a Europa e com os nossos parceiros para desenvolver uma estratégia de longo prazo para reduzir a sua dependência da energia russa”, garantiu. Já a Comissão Europeia fez questão de salientar que a guerra na Ucrânia “demonstra a urgência de acelerar a nossa transição para energia limpa”.
Entretanto, petrolíferas alinharam com o boicote à Rússia, tendo a BP e a Shell – esta última foi altamente criticada quando defendeu a “difícil” decisão de continuar a comprar crude russo – prometido não assinar novos contratos de compra de petróleo à Rússia.
E, no que toca ao boicote de serviços, os russos já não podiam ver Netflix, pagar com Mastercard ou Paypal, obter telemóveis da Apple, ou comprar roupa Calvin Klein, Tommy Hilfiger, Nike ou H&M. Mas agora nem sequer podem ir a um dos mais de 850 restaurantes McDonalds na Rússia, avançou a AP. Ao final do dia, também a Coca Cola, que estava a ser boicotada nas prateleiras ucranianas, anunciou a retirada da Rússia.