Cerimónia de tomada de posse de Gouveia e Melo discreta e sem direito a discursos

Cerimónia de tomada de posse de Gouveia e Melo discreta e sem direito a discursos


António Mendes Calado tinha sido reconduzido a um novo mandato ao cargo de CEMA em fevereiro deste ano.


Gouveia e Melo tomou hoje posse como novo Chefe de Estado-Maior da Armada (CEMA). A cerimónia durou dois minutos, não havendo espaço para discursos ou perguntas dos jornalistas. Além disso, poucos eram aqueles presentes, sendo talvez as ausências mais gritantes do que as presenças. A saber, estiveram ausentes António Costa (está de férias) e Mendes Calado (o antecessor que não ficou feliz com a exoneração). Presentes estiveram Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República (e tacitamente Chefe das Forças Armadas), João Gomes Cravinho, ministro da Defesa, Almirante Silva Ribeiro, Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, e alguns representantes dos restantes três ramos das Forças Armadas. Assim, por volta das 15h00 – consoante estava marcado -, Gouveia e Melo assinou, no Palácio de Belém, o compromisso de honra e tomou posse como CEMA.

Foi Marcelo que, na presença de Cravinho, empossou Gouveia e Melo. Uma situação caricata, considerando a história de setembro em que o primeiro desautorizou o segundo, em público, na altura impedindo-o de nomear o terceiro para o cargo para que ontem foi. Na cerimónia, com poucas pessoas devido a questões pandémica, Gouveia Melo foi também elevado de Vice-Almirante a Almirante. Lido o documento da posse, o novo Almirante recebeu ‘cumprimentos de punho’ de Marcelo e Ferro Rodrigues, tendo a cerimónia encerrado após o do segundo.

A nomeação de Gouveia e Melo para CEMA foi aprovada, na quinta-feira, pelo Conselho de Ministros. Gouveia e Melo, que coordenou a task-force de vacinação contra a covid-19 até setembro, irá então substituir o almirante António Mendes Calado, que ocupava o cargo desde 2018 e tinha um mandato que, na teoria, duraria até 2023. Nessa dita quinta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou a promoção de Gouveia e Melo e agradeceu o desempenho de Mendes Calado, anunciando que iria condecorá-lo com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo.

O Mendes que não ficou calado Na mesma quinta-feira, Mendes Calado publicou um vídeo de ‘despedida’ no Facebook oficial da Marinha em que fez questão de notar estar a deixá-la “não por vontade própria”. “Deixo a Marinha não por vontade própria, pois os que me conhecem não entenderiam que abandonasse o leme da nossa Marinha depois de tanto resistir ao temporal que nos assolou nos últimos tempos”, notou. Garantiu, ainda, que procurou “mão firme no leme” até “ao último momento”.

Já na sexta-feira, o Presidente da República considerou este ser “o momento” para substituir o CEMA, uma vez que estavam à espera das “leis orgânicas do Estado-Maior-General das Forças Armadas e dos três ramos". Essas leis, que aguardam promulgação, “estão praticamente prontas”. Também o primeiro-ministro partiu para a desdramatização, notando que “havia um entendimento de uma saída antes do termo do mandato”. Ademais, também se colocou sob égide das mudanças nas novas leis orgânicas para justificar a exoneração: “neste momento em que temos novas leis orgânicas a entrar em vigor, em breve, pareceu ao Governo, e o Presidente da República concordou, que era altura de proceder a esta alteração”, disse à CNN Portugal.

Em junho, aquando questionado – em entrevista ao Nascer do Sol – sobre subir a CEMA ou até a ser candidato à Presidência da República, o então vice-almirante  afirmou:  “Lá está, não sou ambicioso como alguns dizem. O poder só serve para fazer coisas. As pessoas não percebem que eu posso estar tão contente a fazer um pequeno drone, como a ter um grande desafio. Em termos intelectuais, preenche-me perfeitamente”.

** Notícia autalizada às 19h00