O que se passou e passa nesta altura do ano é preocupante, pois, apesar dos números galopantes, o Estado baixou a guarda e permitiu e permite que durante cinco dias o processo de vacinação seja interrompido. Além disso, o cenário catastrófico que se tem visto um pouco por todo o país, no que que ao processo de testagem diz respeito, também não é animador. O Estado e as câmaras podiam e deviam ter apostado fortemente em centros de testagem, permitindo que as pessoas apurassem se estão ou não infetadas. E essa logística não serviria só para a época festiva, pois nos próximos dois meses as pessoas que queiram ter mais ou menos garantias de que não vão infetar outras deverão testar-se várias vezes ao mês. Nem está em causa a entrada em restaurantes, discotecas ou outros espaços, mas, como já se percebeu, a nova variante é muito mais transmissível e não há outra forma de se saber a verdade que não seja fazer o teste. Testar, testar e vacinar são as únicas receitas conhecidas. A Omicron, em muitos casos, pouco se faz sentir, fazendo com que pessoas que não são afetadas possam afetar terceiros. Se as previsões da Universidade de Washington estiverem certas, e costumam estar, vamos confrontarmo-nos com mais de 60 mil infeções diárias – muitas das quais sem sintomas. Para que a economia não seja ainda mais prejudicada só nos resta testar e vacinar. Até porque não está provado que as infeções ocorram nos restaurantes e não nos transportes públicos. Conheço várias pessoas que estiveram em contacto com pessoas infetadas, souberam à posteriori, e que tiveram de ficar em isolamento no Natal porque o Serviço Nacional de Saúde não teve capacidade para as ouvir e lhes explicar se o contacto tinha sido ou não de perigo. Muitas pessoas, felizmente, optaram por não colocar as outras em risco, apesar de nunca terem conseguido fazer um teste. Isto justifica-se? Não me parece. Se fomos os melhores do mundo na vacinação, é certo que estamos a ficar para trás no reforço da vacinação e na testagem. O que é pena. Ou teremos que exonerar o novo chefe de Estado-Maior da Armada e recambiá-lo para o processo de vacinação e testagem?
Covid-19. Já fomos os melhores do mundo, agora nem tanto
O Estado baixou a guarda e permitiu e permite que durante cinco dias o processo de vacinação seja interrompido.