Squid Game ou o brilhante jogo pela vida


O que somos capazes de fazer por dinheiro? Até onde nos leva a amizade? Quais são as nossas prioridades? O que é que para nós vale realmente a pena? O que estamos dispostos a abdicar por amor ou pelos nossos valores? No fim de contas o que é que nos preenche? São apenas algumas das…


A série do momento é sul-coreana e já é considerada o maior lançamento de sempre pela Netflix atingindo números estratosféricos logo na primeira semana. Da minha parte foram 3 dias, à razão de 3 episódio por dia (são 9 no total para quem não sabe fazer contas) que me prenderam ao ecrã na exata medida em que não queremos largar um livro na ânsia de perceber o que virá na próxima página. Chama-se Squid Game que em português significa o Jogo da Lula porque os episódios remetem-nos para um imaginário dos jogos infantis, em que pessoas com graves problemas financeiros se submetem a um desafio macabro onde lhes é prometida uma soma milionária se vencerem. O que eles não sabem é que esses mesmos jogos infantis como o 1,2,3 Macaquinho do Chinês ou o próprio Jogo da Lula (tem semelhanças com o Jogo do Garrafão que os rapazes jogavam por cá na escola) são na verdade jogos de morte em que quem não passa à ronda seguinte é basicamente aniquilado.

Para além de violenta e extremamente sugestiva esta série não é mais do que um punhado de ricos a apostar em pessoas como se estivessem a apostar em cavalos. Corrijo, é bem mais do que isso. É uma história absolutamente fabulosa que viaja pelas entranhas da condição humana e que mete a nu a subversão dos nossos valores quando somos colocados perante situações extremas. Cenários muito bem conseguidos e personagens que parecem ter sido feitas para os papeis que desempenham levam-nos até às profundezas do nosso caráter e levam-nos a pensar o que faríamos nós perante tamanhas adversidades. A luta pela sobrevivência e as viragens e alterações constantes e surpreendentes deixam-nos presos ao episódio seguinte. Uma montanha russa de sentimentos que ora nos deixa enjoados ou empolgados, sempre com o coração em altas rotações num desenho quase perfeito do que pode ser por vezes a vida real.

O que somos capazes de fazer por dinheiro? Até onde nos leva a amizade? Quais são as nossas prioridades? O que é que para nós vale realmente a pena? O que estamos dispostos a abdicar por amor ou pelos nossos valores? No fim de contas o que é que nos preenche? São apenas algumas das muitas questões que se nos deparam ao longo das quase 9 horas em que somos confrontados com muitos dos problemas atuais, intergeracionais que nos acompanham na nossa construção pessoal. A importância do tempo em cada momento das nossas vidas e a determinação dele perante cada uma das nossas atitudes. A genialidade de não deixar ninguém indiferente porque tem a ver com todos nós e com situações que embora diferentes refletem as nossas dúvidas, as nossas ilusões e o mais lindo dos sonhos que muitas das vezes se torna no nosso maior pesadelo.

Este drama distópico, desconcertante e cru deixa-nos em alguns momentos incomodados com situações que plasmamos nas nossas atitudes diárias e que provavelmente nos farão refletir sobre o caminho para onde vamos e o que queremos verdadeiramente para nós e para os que nos rodeiam. Se há quem diga que as crianças não deviam ver, eu penso exatamente o contrario, até pela mensagem final. Mesmo que 99% das pessoas não prestem para nada há sempre aquela que nos mostra que vale a pena viver, que faz sentido lutarmos pelos nossos ideais e que no final do dia é essa relação que nos faz feliz e concretizados. O facto de toda a série ser à volta de jogos infantis é só mais uma demonstração da capacidade imaginativa e da genialidade de Hwang Dong-hyuk. Uma sátira à nossa sociedade, uma alegoria acerca do capitalismo, da determinação do tempo e da competição extrema com que nos deparamos todos os dias nas mais diversas situações. Imperdível!


Squid Game ou o brilhante jogo pela vida


O que somos capazes de fazer por dinheiro? Até onde nos leva a amizade? Quais são as nossas prioridades? O que é que para nós vale realmente a pena? O que estamos dispostos a abdicar por amor ou pelos nossos valores? No fim de contas o que é que nos preenche? São apenas algumas das…


A série do momento é sul-coreana e já é considerada o maior lançamento de sempre pela Netflix atingindo números estratosféricos logo na primeira semana. Da minha parte foram 3 dias, à razão de 3 episódio por dia (são 9 no total para quem não sabe fazer contas) que me prenderam ao ecrã na exata medida em que não queremos largar um livro na ânsia de perceber o que virá na próxima página. Chama-se Squid Game que em português significa o Jogo da Lula porque os episódios remetem-nos para um imaginário dos jogos infantis, em que pessoas com graves problemas financeiros se submetem a um desafio macabro onde lhes é prometida uma soma milionária se vencerem. O que eles não sabem é que esses mesmos jogos infantis como o 1,2,3 Macaquinho do Chinês ou o próprio Jogo da Lula (tem semelhanças com o Jogo do Garrafão que os rapazes jogavam por cá na escola) são na verdade jogos de morte em que quem não passa à ronda seguinte é basicamente aniquilado.

Para além de violenta e extremamente sugestiva esta série não é mais do que um punhado de ricos a apostar em pessoas como se estivessem a apostar em cavalos. Corrijo, é bem mais do que isso. É uma história absolutamente fabulosa que viaja pelas entranhas da condição humana e que mete a nu a subversão dos nossos valores quando somos colocados perante situações extremas. Cenários muito bem conseguidos e personagens que parecem ter sido feitas para os papeis que desempenham levam-nos até às profundezas do nosso caráter e levam-nos a pensar o que faríamos nós perante tamanhas adversidades. A luta pela sobrevivência e as viragens e alterações constantes e surpreendentes deixam-nos presos ao episódio seguinte. Uma montanha russa de sentimentos que ora nos deixa enjoados ou empolgados, sempre com o coração em altas rotações num desenho quase perfeito do que pode ser por vezes a vida real.

O que somos capazes de fazer por dinheiro? Até onde nos leva a amizade? Quais são as nossas prioridades? O que é que para nós vale realmente a pena? O que estamos dispostos a abdicar por amor ou pelos nossos valores? No fim de contas o que é que nos preenche? São apenas algumas das muitas questões que se nos deparam ao longo das quase 9 horas em que somos confrontados com muitos dos problemas atuais, intergeracionais que nos acompanham na nossa construção pessoal. A importância do tempo em cada momento das nossas vidas e a determinação dele perante cada uma das nossas atitudes. A genialidade de não deixar ninguém indiferente porque tem a ver com todos nós e com situações que embora diferentes refletem as nossas dúvidas, as nossas ilusões e o mais lindo dos sonhos que muitas das vezes se torna no nosso maior pesadelo.

Este drama distópico, desconcertante e cru deixa-nos em alguns momentos incomodados com situações que plasmamos nas nossas atitudes diárias e que provavelmente nos farão refletir sobre o caminho para onde vamos e o que queremos verdadeiramente para nós e para os que nos rodeiam. Se há quem diga que as crianças não deviam ver, eu penso exatamente o contrario, até pela mensagem final. Mesmo que 99% das pessoas não prestem para nada há sempre aquela que nos mostra que vale a pena viver, que faz sentido lutarmos pelos nossos ideais e que no final do dia é essa relação que nos faz feliz e concretizados. O facto de toda a série ser à volta de jogos infantis é só mais uma demonstração da capacidade imaginativa e da genialidade de Hwang Dong-hyuk. Uma sátira à nossa sociedade, uma alegoria acerca do capitalismo, da determinação do tempo e da competição extrema com que nos deparamos todos os dias nas mais diversas situações. Imperdível!