Este será o meu último artigo de opinião até outubro, pois como candidato às eleições autárquicas de 26 de setembro, entendo que devo suspender este espaço privilegiado de opinião, no respeito pelas mais básicas regras democráticas.
Mas até lá, deixo aqui uma série de questões, que prevejo que irão atravessar este verão e cujas respostas conheceremos até ao final setembro.
Como será a vida em outubro? Agora que o país ruma à praia, ao campo, ao aconchego da família distante, em que as férias gritam por todos e o cansaço do trabalho, da pandemia, se vai acumulando, dois meses parecem muito longe.
Mas outubro será quase amanhã.
Teremos um início de outono suave, com a esmagadora maioria da população vacinada e protegida? Irá a vacinação das crianças ser uma prioridade ou a Europa irá apostar no reforço da vacinação em outros países, africanos e asiáticos, por exemplo, para que as variantes não se multipliquem?
E em Portugal, como iremos viver este verão? Com o medo a rondar-nos ou a aprendermos a viver, com a cautela que se impõe, mas sem a angústia paralisante que nos fechou?
As questões são muitas e a responsabilidade individual tem muito peso no futuro que construímos todos os dias. Outros problemas, como país, teremos de resolver, para além dos de saúde pública. Advinha-se um verão com muita contestação social, manifestações, greves, reivindicações. Os problemas sociais são muitos e o dique que os reteve em pandemia já cedeu.
E o cansaço pandémico, à semelhança do que acontece em outros países, nomeadamente em França, também irá inundar as ruas com contestações às medidas restritivas ainda em vigor?
A economia está frágil, os espartilhos das medidas de contenção ainda não afrouxaram para a restauração, para o comércio, para os setores do entretenimento, da cultura…e os jovens estão impacientes.
Como ocorrerá a abertura de bares e discotecas? (se é que vai ocorrer…). E o certificado digital de vacinação? Passará a ser obrigatório para todos os atos comuns da nossa vida?
Também o desafio à autoridade das forças de segurança parece querer marcar o novo quotidiano. Os episódios de desacatos, provocações, falta de respeito pela lei (ou mesmo pelos mais elementares deveres de urbanidade) começam a ser constantes e um sinal sério de alarme.
Será Cabrita ainda ministro em outubro? Por todo o país, cidades, vilas aldeias, freguesias, começam a agitar-se com a aproximação das eleições autárquicas. Fazem-se as contas às promessas não cumpridas, aos desejos para o futuro, aos planos para quatro anos.
O esforço de muitos autarcas durante este ano e meio de pandemia, na ajuda e salvaguarda dos seus concidadãos, na continuação do seu trabalho mesmo perante um cenário tão adverso, será reconhecido?
As prioridades e os anseios dos portugueses sofreram alterações? Irão expressar isso nas urnas ou abster-se (ainda mais) na escolha da representação política?
São muitas as questões que nos irão acompanhar nos próximos dois meses. E em outubro falaremos de novo. Neste espaço de Verdade Inconveniente.