Cinco pensamentos rápidos sobre a actualidade política


A crónica de hoje não se concentra na análise crítica de um único tema, mas sim na abordagem, em jeito de síntese, de vários assuntos dignos de registo e comentário, dando assim início a um outro estilo de opinião – numa espécie de pequena colectânea de pensamentos rápidos – ao qual regressarei aqui sempre que…


Como na gíria se costuma dizer, têm sido “umas atrás das outras”, as trapalhadas – algumas muito graves – em que o nosso Estado se tem envolvido, quer por acção ou omissão dos intervenientes titulares das várias instituições que, central ou localmente, o integram e que vão chegando ao nosso conhecimento, com maior ou menor delay relativamente à data em que os factos ocorreram. Estes dias quentes de início de Verão têm sido de tal forma alucinantes, cujo ritmo se torna praticamente impossível de acompanhar, sobretudo de comentar, em tempo útil, depois de previamente se analisar, com todo o rigor, tudo com que nos vamos deparando diariamente.

Dito isto, a crónica de hoje não se concentra na análise crítica de um único tema, mas sim na abordagem, em jeito de síntese, de vários assuntos dignos de registo e comentário, dando assim início a um outro estilo de opinião – numa espécie de pequena colectânea de pensamentos rápidos – ao qual regressarei aqui sempre que o frenesim político o justifique.

1 – VERDADES QUE PARECEM MENTIRAS

Neste domingo de ontem, dia 27 de Junho – durante o jogo de futebol do europeu que afastou Portugal da competição – foi emitido um comunicado da Administração Regional de Saúde do Algarve que determinou a suspensão imediata das aulas presenciais do 1.º e do 2.º Ciclos de todos os agrupamentos de escolas públicas e privadas, nos municípios de Albufeira, Faro, Loulé, Olhão e S. Brás de Alportel, por um período de 12 dias iniciado hoje, segunda-feira, dia 28 de Junho.

Portanto uma medida que entrou hoje em vigor, tendo sido decidida ontem, nas costas das pessoas – com a argumentação de que é para as proteger – e comunicada à pressa, também ontem à noite, através de um comunicado publicado no site da própria ARS do Algarve, seguida de um envio massivo de mensagens por SMS aos encarregados de educação abrangidos pela medida em causa, numa área geográfica que concentra dois terços da população de todo o Algarve que a um domingo à noite se vê confrontada com a simples questão de onde deixar os seus filhos no dia seguinte para poderem ir trabalhar?

Por outro lado, para se ter decidido desta forma abrupta e urgente, lançando o pânico generalizado na região e designadamente nos concelhos afectados, líquido será perguntar qual a real dimensão do já indisfarçável completo descontrolo da pandemia no nosso país?

2 – DEPOIS DA SELECÇÃO VEM A CONSTITUIÇÃO

Por falar em europeu de futebol, e sem perder muito tempo com frivolidades sem qualquer importância na vida de ninguém que verdadeiramente interesse, agora que a nossa ‘Selecção’ saiu de cena e deixou de ser uma preocupação, o Senhor Presidente da República já pode concentrar-se a fundo na nossa Constituição, aquela mesma que o próprio, por duas vezes, jurou cumprir e fazer cumprir e que – há já dois fins-de-semana consecutivos e com tendência para aumentar – tem sido violentada à bruta pelo Governo que, atropelando a Assembleia Nacional, perdão, da República (sem que este órgão de soberania do qual aparentemente depende o dito Governo tivesse manifestado algum desconforto) impôs restrições de direitos, liberdades e garantias na Área Metropolitana de Lisboa e ao seu respectivo povo residente que, ficando proibido, no mesmo período semanal, de ir à praia a Tróia ou à Comporta vê, incrédulo e ao mesmo tempo, chegar ao aeroporto internacional da capital milhares de pessoas oriundas de todo o lado do globo sem qualquer controlo nem sequer da temperatura…

3 – QUEM NUNCA FOI A SEVILHA NUNCA VIU MARAVILHA

Já agora por causa da Assembleia da Republica (ou lá o que isto é…) e das entradas e saídas de pessoas nos nossos aeroportos, como não referir aquela inenarrável tirada de Eduardo Ferro Rodrigues em nos ter apelado para irmos, em massa, para o sul de Espanha (apoiar a nossa ‘Selecção’), onde os índices de contágio por coronavírus estão, ao que se sabe, nos píncaros, sendo a Andaluzia e a sua capital Sevilha a pior região de toda a Europa?

Ferro Rodrigues, personagem ímpar da política nacional que lembro ao caro(a) leitor(a) ser o Senhor Presidente da Assembleia da Republica (ou lá o que isto é…), o que por si só não teria grande significância se, nos termos da Constituição da República Portuguesa, não fosse a segunda figura na hierarquia do Estado. A quem, arrepiantemente, caberá exercer a função de Presidente da República Interino em caso de vagatura… Dá agora para sentir melhor?

4 – EDUARDO MÃOS DE CABRITA

Falando de coisas mais sérias, o inefável Ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita – talvez a primeira comédia política portuguesa totalmente concentrada numa só e única personagem – teve, no entanto, mais um episódio onde quis demonstrar o talento na representação dramática e até mesmo no papel de um intratável vilão, cujo descaramento é de um tal calibre ao ponto de não se ter feito representar, em nome do Estado Português, no funeral da vítima de um atropelamento mortal por um carro oficial do Estado (onde Cabrita seguia) e cujo trágico acidente ocorreu na passada semana. Bem como, de não prestar à sua viúva e respectiva família todo o auxílio e apoio em tudo o que fosse necessário, uma vez que foi o Estado que, para todos os efeitos, mesmo sem dolo eventual e, talvez nem culpa, matou, infelizmente, esta pessoa.

Ao invés é de lamentar, profundamente, que este Ministro se enrede de forma miserável em manobras de diversão, procurando assacar a responsabilidade da vítima mortal pelo sucedido, numa atitude tresloucada e egoísta que visa, meramente, uma tentativa de lavar a sua imagem pública perante uma fatalidade horrível que não sendo, evidentemente, culpa sua, não deixa agora ninguém indiferente com esta sua vil postura. Para Cabrita já não há qualquer solução para além da demissão!

5 – SARCASMO NUM DIA DE VERÃO

António Costa – sempre com aquele seu enigmático sorrisinho – é mesmo danado para a brincadeira… Esta ideia de o famigerado Plano de Recuperação e Resiliência vulgo “bazuca” de dinheiro dos outros (Estados-membros financiadores da EU) que aposta, grosso modo, dois terços no sector público e apenas um terço no sector privado – onde estão as empresas geradoras de riqueza, de emprego, de iniciativa e com impacto na economia de mercado nacional – ter como desafio fazer o país "sair da cauda" onde ele e a sua ‘entourage’ nos meteu, para além de crescer, dando, implicitamente, a entender que uma coisa é possível sem a outra, é puro sarcasmo do mais apurado ‘humor negro’ que desconhecia no nosso Primeiro-Ministro. Pois sem um brutal crescimento económico que só se conseguirá através da adopção de medidas liberais verdadeiramente promotoras da captação de investimento nacional e estrangeiro, como por exemplo, uma forte redução das taxas de IRC e de IRS que nos tornem competitivos relativamente à generalidade dos países da UE, apenas sairemos da cauda desta europa unida a 27 se a dita se partir e dela se separar…

Jurista.
Escreve de acordo com a antiga ortografia.        


Cinco pensamentos rápidos sobre a actualidade política


A crónica de hoje não se concentra na análise crítica de um único tema, mas sim na abordagem, em jeito de síntese, de vários assuntos dignos de registo e comentário, dando assim início a um outro estilo de opinião – numa espécie de pequena colectânea de pensamentos rápidos – ao qual regressarei aqui sempre que…


Como na gíria se costuma dizer, têm sido “umas atrás das outras”, as trapalhadas – algumas muito graves – em que o nosso Estado se tem envolvido, quer por acção ou omissão dos intervenientes titulares das várias instituições que, central ou localmente, o integram e que vão chegando ao nosso conhecimento, com maior ou menor delay relativamente à data em que os factos ocorreram. Estes dias quentes de início de Verão têm sido de tal forma alucinantes, cujo ritmo se torna praticamente impossível de acompanhar, sobretudo de comentar, em tempo útil, depois de previamente se analisar, com todo o rigor, tudo com que nos vamos deparando diariamente.

Dito isto, a crónica de hoje não se concentra na análise crítica de um único tema, mas sim na abordagem, em jeito de síntese, de vários assuntos dignos de registo e comentário, dando assim início a um outro estilo de opinião – numa espécie de pequena colectânea de pensamentos rápidos – ao qual regressarei aqui sempre que o frenesim político o justifique.

1 – VERDADES QUE PARECEM MENTIRAS

Neste domingo de ontem, dia 27 de Junho – durante o jogo de futebol do europeu que afastou Portugal da competição – foi emitido um comunicado da Administração Regional de Saúde do Algarve que determinou a suspensão imediata das aulas presenciais do 1.º e do 2.º Ciclos de todos os agrupamentos de escolas públicas e privadas, nos municípios de Albufeira, Faro, Loulé, Olhão e S. Brás de Alportel, por um período de 12 dias iniciado hoje, segunda-feira, dia 28 de Junho.

Portanto uma medida que entrou hoje em vigor, tendo sido decidida ontem, nas costas das pessoas – com a argumentação de que é para as proteger – e comunicada à pressa, também ontem à noite, através de um comunicado publicado no site da própria ARS do Algarve, seguida de um envio massivo de mensagens por SMS aos encarregados de educação abrangidos pela medida em causa, numa área geográfica que concentra dois terços da população de todo o Algarve que a um domingo à noite se vê confrontada com a simples questão de onde deixar os seus filhos no dia seguinte para poderem ir trabalhar?

Por outro lado, para se ter decidido desta forma abrupta e urgente, lançando o pânico generalizado na região e designadamente nos concelhos afectados, líquido será perguntar qual a real dimensão do já indisfarçável completo descontrolo da pandemia no nosso país?

2 – DEPOIS DA SELECÇÃO VEM A CONSTITUIÇÃO

Por falar em europeu de futebol, e sem perder muito tempo com frivolidades sem qualquer importância na vida de ninguém que verdadeiramente interesse, agora que a nossa ‘Selecção’ saiu de cena e deixou de ser uma preocupação, o Senhor Presidente da República já pode concentrar-se a fundo na nossa Constituição, aquela mesma que o próprio, por duas vezes, jurou cumprir e fazer cumprir e que – há já dois fins-de-semana consecutivos e com tendência para aumentar – tem sido violentada à bruta pelo Governo que, atropelando a Assembleia Nacional, perdão, da República (sem que este órgão de soberania do qual aparentemente depende o dito Governo tivesse manifestado algum desconforto) impôs restrições de direitos, liberdades e garantias na Área Metropolitana de Lisboa e ao seu respectivo povo residente que, ficando proibido, no mesmo período semanal, de ir à praia a Tróia ou à Comporta vê, incrédulo e ao mesmo tempo, chegar ao aeroporto internacional da capital milhares de pessoas oriundas de todo o lado do globo sem qualquer controlo nem sequer da temperatura…

3 – QUEM NUNCA FOI A SEVILHA NUNCA VIU MARAVILHA

Já agora por causa da Assembleia da Republica (ou lá o que isto é…) e das entradas e saídas de pessoas nos nossos aeroportos, como não referir aquela inenarrável tirada de Eduardo Ferro Rodrigues em nos ter apelado para irmos, em massa, para o sul de Espanha (apoiar a nossa ‘Selecção’), onde os índices de contágio por coronavírus estão, ao que se sabe, nos píncaros, sendo a Andaluzia e a sua capital Sevilha a pior região de toda a Europa?

Ferro Rodrigues, personagem ímpar da política nacional que lembro ao caro(a) leitor(a) ser o Senhor Presidente da Assembleia da Republica (ou lá o que isto é…), o que por si só não teria grande significância se, nos termos da Constituição da República Portuguesa, não fosse a segunda figura na hierarquia do Estado. A quem, arrepiantemente, caberá exercer a função de Presidente da República Interino em caso de vagatura… Dá agora para sentir melhor?

4 – EDUARDO MÃOS DE CABRITA

Falando de coisas mais sérias, o inefável Ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita – talvez a primeira comédia política portuguesa totalmente concentrada numa só e única personagem – teve, no entanto, mais um episódio onde quis demonstrar o talento na representação dramática e até mesmo no papel de um intratável vilão, cujo descaramento é de um tal calibre ao ponto de não se ter feito representar, em nome do Estado Português, no funeral da vítima de um atropelamento mortal por um carro oficial do Estado (onde Cabrita seguia) e cujo trágico acidente ocorreu na passada semana. Bem como, de não prestar à sua viúva e respectiva família todo o auxílio e apoio em tudo o que fosse necessário, uma vez que foi o Estado que, para todos os efeitos, mesmo sem dolo eventual e, talvez nem culpa, matou, infelizmente, esta pessoa.

Ao invés é de lamentar, profundamente, que este Ministro se enrede de forma miserável em manobras de diversão, procurando assacar a responsabilidade da vítima mortal pelo sucedido, numa atitude tresloucada e egoísta que visa, meramente, uma tentativa de lavar a sua imagem pública perante uma fatalidade horrível que não sendo, evidentemente, culpa sua, não deixa agora ninguém indiferente com esta sua vil postura. Para Cabrita já não há qualquer solução para além da demissão!

5 – SARCASMO NUM DIA DE VERÃO

António Costa – sempre com aquele seu enigmático sorrisinho – é mesmo danado para a brincadeira… Esta ideia de o famigerado Plano de Recuperação e Resiliência vulgo “bazuca” de dinheiro dos outros (Estados-membros financiadores da EU) que aposta, grosso modo, dois terços no sector público e apenas um terço no sector privado – onde estão as empresas geradoras de riqueza, de emprego, de iniciativa e com impacto na economia de mercado nacional – ter como desafio fazer o país "sair da cauda" onde ele e a sua ‘entourage’ nos meteu, para além de crescer, dando, implicitamente, a entender que uma coisa é possível sem a outra, é puro sarcasmo do mais apurado ‘humor negro’ que desconhecia no nosso Primeiro-Ministro. Pois sem um brutal crescimento económico que só se conseguirá através da adopção de medidas liberais verdadeiramente promotoras da captação de investimento nacional e estrangeiro, como por exemplo, uma forte redução das taxas de IRC e de IRS que nos tornem competitivos relativamente à generalidade dos países da UE, apenas sairemos da cauda desta europa unida a 27 se a dita se partir e dela se separar…

Jurista.
Escreve de acordo com a antiga ortografia.