Governo sem rumo e povo que ruma a Sevilha


Na semana passada, face ao aumento alarmante dos contágios por covid, o Governo surpreendeu tudo e todos anunciando a proibição da entrada e saída de cidadãos da área metropolitana de Lisboa durante o fim de semana. Tinham planeado ir para fora? Ir de férias? Visitar um familiar? Paciência. No próximo fim de semana o cenário…


Na semana passada, face ao aumento alarmante dos contágios por covid, o Governo surpreendeu tudo e todos anunciando a proibição da entrada e saída de cidadãos da área metropolitana de Lisboa durante o fim de semana. Tinham planeado ir para fora? Ir de férias? Visitar um familiar? Paciência. No próximo fim de semana o cenário de cerco à capital repete-se, com uma nuance relevante: quem estiver vacinado ou apresente um teste com resultado negativo à covid tem autorização para passar. Menos mal. 

Ainda assim, é impossível não ficarmos com a sensação de que andamos sempre atrás do prejuízo, tentando remediar a situação com medidas desgarradas. Hoje impede-se a circulação, amanhã proíbe-se as touradas e fecha-se os ringues de boxe (!), no dia seguinte obriga-se os restaurantes a encerrar mais cedo, e por aí adiante.

Como em tantas outras coisas, parece faltar uma estratégia clara, coerente e com vistas largas, uma governação que não seja estritamente circunstancial e imediatista.

Em vez de se traçar um rumo claro, andamos permanentemente a reboque dos acontecimentos. O Governo ora guina o volante para a direita, ora guina para a esquerda, ora trava a fundo, e a maior parte das vezes tem de fazer marcha-atrás. Não é difícil perceber que assim não se chega a lado nenhum. Mas, se o Governo peca pela navegação à vista, conforme de onde sopra o vento, há uma figura que, apesar das suas altas responsabilidades, tem o dom de ignorar por completo o que se passa à sua volta. Um autêntico alien, como diria um amigo.

Numa altura em que as autoridades travam as saídas da área metropolitana de Lisboa, muitos caíram na penúria e os estádios nacionais se encontram fechados ao público por causa da pandemia, Ferro Rodrigues apelou aos portugueses “que se desloquem de forma massiva” a Sevilha para apoiarem a Seleção Nacional! Extraordinário! E a covid? A covid?! Provavelmente o presidente do Parlamento está-se… borrifando para as medidas restritivas. Afinal de contas, há que saber definir as prioridades.