Triste fado o nosso


Começa a ser cansativo comentar os disparates de António Costa, que tudo faz para não tomar medidas impopulares – tirando o fecho dos restaurantes, cafés e discotecas –, pois só toma atitudes quando o cenário já é catastrófico.


Há dias falava com uma amiga médica que me dizia ser imperativo que se mostrem imagens do que se está a passar nos hospitais para as pessoas terem consciência do que está verdadeiramente a acontecer. Dava-me também a explicação de que as pessoas tinham ficado em casa em março e abril porque viam as imagens que chegavam de Itália, Espanha ou Estados Unidos, nomeadamente Nova Iorque, onde os cadáveres se acumulavam no exterior das urgências. E é aqui que não consigo perceber qual a razão para o Executivo ainda não ter “passado” imagens violentas que obriguem as pessoas a verem a realidade. Se nunca se morreu tanto como agora, se os cadáveres aguardam pela sua vez para irem para o cemitério, porque não existem imagens disso para assustar quem não cumpre o isolamento decretado? Começa a ser cansativo comentar os disparates de António Costa, que tudo faz para não tomar medidas impopulares – tirando o fecho dos restaurantes, cafés e discotecas –, pois só toma atitudes quando o cenário já é catastrófico. Por exemplo, quando diz que está à espera de ver a evidência da nova estirpe da covid nos mais jovens está a dizer que só quando os estudantes estiverem todos contaminados é que tomará uma decisão. Mas isto faz algum sentido? Não tem ninguém que lhe explique que aos hospitais está a chegar gente cada vez mais nova e com complicações graves? Que são já muitos os mortos a partir dos 30 anos? Que os adolescentes são dos maiores propagadores da nova extirpe da covid? Estará António Costa à espera que os seus colegas de Bruxelas digam que não vão pôr cá os pés para as reuniões da presidência portuguesa enquanto o país não tomar juízo e deixar ser a nação com mais casos por milhão de habitantes? Não venham com histórias que todos os países estão mal – Portugal é dos piores do mundo neste momento. E o cenário de guerra não vai melhorar nos próximos tempos. Vamos ter de viver em angústia permanente, sempre à espera dos novos números de contaminados e de mortes. E o Governo continuará à espera de novos dados enquanto os mortos se vão amontoar nas morgues. Triste fado o nosso.