O aumento dos internamentos por covid-19 nos hospitais, que tentam manter a resposta às restantes doenças com a menor perturbação possível, está a gerar cada vez maior apreensão no Norte mas também em Lisboa. Este domingo houve uma subida de 133 doentes com covid-19 internados nos hospitais do SNS, um dos maiores aumentos diários. No Norte, que nas últimas semanas teve a maior subida de casos, as enfermarias reservadas para a covid-19 nos hospitais atingiram no domingo uma ocupação de 95% e os cuidados intensivos de 90%, indicou ao i a Administração Regional de Saúde do Norte. No final da semana passada, estava-se ainda no patamar dos 80%. No Hospital de Santo António foi antecipada já a montagem de uma estrutura modular, que vai ter camas para mais 36 doentes. Até aqui houve apenas necessidade de suspender atividade programada no Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, onde estão paradas consultas e cirurgias não urgentes. No São João também já foi preciso começar a adiar cirurgias. Será alocada esta semana mais uma área cirúrgica à resposta à covid-19, bem como mais uma ala de cuidados intensivos.
Em Lisboa, a pressão agravou-se nos últimos dias, com hospitais agora acima do máximo de doentes internados que se registou no verão. Fernando Maltez, responsável pela unidade de infeciologia do Hospital Curry Cabral, adiantou ao i que neste momento o hospital tem 110 doentes com covid-19 (no verão foi de cerca de 80). A capacidade é expansível até às 300 camas, o que implicaria limitar alguma atividade programada, mas o médico junta-se ao apelo de que é preciso travar a subida de casos. “Se não houver uma modificação dos comportamentos, se as pessoas não se consciencializarem que está nas suas mãos diminuir os contágios, este crescimento de doentes internados não será sustentável”, alertou o médico.