Leito de BD. Natal

Leito de BD. Natal


Pois o Natal quer-se em família, pequena ou grande seja ela, que não há nada melhor que vivê-lo assim, à volta de uma mesa, na companhia do pinheiro iluminado e do presépio, pois, nessa noite, até um ateu severo como este leitor olha aquele quadro com ternura melancólica. E com crianças, de preferência, mesmo que…


Pois o Natal quer-se em família, pequena ou grande seja ela, que não há nada melhor que vivê-lo assim, à volta de uma mesa, na companhia do pinheiro iluminado e do presépio, pois, nessa noite, até um ateu severo como este leitor olha aquele quadro com ternura melancólica. E com crianças, de preferência, mesmo que já adultas; a consoada será sempre o melhor pretexto para mergulharmos no que fomos e voltarmos ao doce convívio dos que só connosco continuam a viver. Feliz Natal.

Marge, Little Lulu

 

                                                                                                                    Winsor McCay, Little Nemo in Slumberland

 

                                                                                                                                                        Roba, Boule e Bill

 

Will Eisner, O Edifício

 

 

                                                                                                                                                                            Laerte

 

BDTECA

O outro que era ele

Um homem acorda dum pesadelo com uma série de duendes ao lado que lhe dizem ser um dos sete anões, e de repente, em miraculosa aparição, surge uma generosíssima mulata, longe de ser alva como a neve. (Os anões já estavam fora, mas não era o seu dia.) Recebe, confuso, um convite para uma apresentação dos Badsummerboys Band, no “Heaven – O Céu Bar” – nomes que só na cabeça dos autores – Geral (Mário Cavaco, Lisboa, 1973) e Derradé (Dário Duarte, Lisboa, 1971), sócios nas Produções de Marda – poderiam vir ao prelo. E é no “Heaven” que, com ajuda dum uísque com duas pedras, se faz luz, e o filme da vida passa diante dos olhos do nosso homenzinho, que é nem mais nem menos que o próprio Pai Natal, entretanto retirado e barbeado. 
Este exaustivo estudo de Geral & Derradé comprova que o Pai Natal é incompatível com o mundo de hoje: da complexidade da logística da distribuição aos direitos das renas, dos duendes reivindicativos aos putos exigentes e ao franchise amador, tantos desafios a enfrentar… Felizmente, dois representantes duma multinacional propuseram-lhe um contrato milionário para exploração dos direitos de imagem e promessas de descanso merecido, com dinheiro, miúdas e coca. Chegámos assim à balbúrdia presente, de tal forma que nem Dickens… Acordado de um pesadelo para outro, a história termina com o Pai Natal vestido de Pai Natal a distribuir presentes na boate do Céu, na festa do “Filho do Patrão”.

Pai Natal: Um estudo morfológico

Texto Geral

Desenho Derradé

Editora Polvo, Lisboa, 2001