Marinho e Pinto despede-se da política. “Nunca tive ilusões”

Marinho e Pinto despede-se da política. “Nunca tive ilusões”


Marinho e Pinto anunciou que não se vai recandidatar à liderança do PDR. Despede-se com críticas aos partidos e à classe política.


Marinho e Pinto decidiu deixar a política ativa e não se recandidatar à liderança do partido. O ex-bastonário da Ordem dos Advogados vai fazer 70 anos e considera que é “uma boa idade” para se “retirar e dar lugar aos mais novos que serão mais criativos”. O PDR, fundado por Marinho e Pinto em 2014, vai eleger uma nova liderança no início do próximo ano.

Marinho e Pinto entrou na política há cinco anos e foi a surpresa das eleições europeias ao eleger dois eurodeputados com 7,14% dos votos numa lista do Movimento Partido da Terra (MPT).

Depressa entrou em rutura com o MPT e fundou o PDR, mas nunca conseguiu bons resultados eleitorais. Nas últimas eleições legislativas, em que os pequenos partidos conseguiram eleger sete deputados, o partido do advogado de Coimbra teve pouco mais de 11 mil votos.

Questionado sobre se abandona a liderança do PDR desiludido com a política, António Marinho e Pinto diz que nunca teve ilusões. “Desde a minha juventude que não tenho ilusões. Nunca tive ilusões sobre a política. Por um momento acreditei que houvesse a possibilidade de mudar alguma coisa em Portugal, mas não há”, diz ao i o fundador do PDR.

 

Classe política medíocre

Marinho e Pinto foi, desde o início, muito crítico da classe política e dos partidos tradicionais e continua a pensar que “temos uma classe política medíocre e oportunista que está a aumentar à custa dos impostos de quem trabalha”. Para o ainda líder do PDR, a prova disso é a tentativa de avançar com a regionalização que servirá para alimentar “as clientelas que são cada vez mais vorazes e exigem cada vez mais dos dirigentes dos partidos”.

O advogado irá continuar no PDR, mas quer aproveitar o facto de ter mais tempo para “ler livros e arrumar papéis”.

A curta história do PDR está recheada de polémicas e de divergências internas. Alguns daqueles que estiveram com o advogado na origem do partido ficaram pelo caminho. O ex-dirigente socialista Eurico Figueiredo, que esteve entre os fundadores, foi um dos primeiros a abandonar o partido. Numa carta aberta, o ex-deputado acusou Marinho e Pinto de não ter “o menor respeito pela democracia dentro do PDR”.

O ex-bastonário da Ordem dos Advogados acusou os críticos de terem entrado para o partido com objetivos “meramente pessoais, de beneficio pessoal, com abuso de funções”.

Marinho e Pinto sempre foi o rosto mais mediático do PDR, mas nas últimas eleições apresentou como candidato por Lisboa Pardal Henriques que se tornou conhecido como porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas. Pardal Henriques tinha ganho visibilidade no conflito dos motoristas, mas conseguiu pouco mais de 1.800 votos no distrito de Lisboa. Só ficou à frente do MAS e do PTP.

 

PDR muda de sede

António Marinho e Pinto esclareceu ontem que o partido vai mudar a localização da sua sede nacional, em Lisboa, no início do próximo ano. Atualmente, a sede nacional do PDR está localizada na Estrada da Luz, em Benfica, e ainda não existe um novo espaço. “É uma situação normal. O contrato foi feito em 2014, por cinco anos, e chega ao fim em 31 de dezembro”, disse Marinho e Pinto.

O ainda líder do PDR não revelou, contudo, onde será a nova sede do partido a partir de janeiro de 2020.