Não há formas muito mais fáceis de pôr a questão: a vida do Benfica nesta Liga dos Campeões está por um fio – ligado às máquinas, usando terminologia médica. As três derrotas e apenas uma vitória nos quatro jogos realizados assim o ditam, com apenas uma certeza a restar: para continuar a acalentar alguma esperança (por muito pequena que seja) de conseguir o apuramento para os oitavos-de-final, o campeão nacional terá obrigatoriamente de vencer esta noite o RB Leipzig em solo alemão.
E é aqui que a coisa se complica ainda mais: é que o Benfica, nos 11 jogos que já disputou na Alemanha nesta prova, nunca conseguiu um único resultado positivo – nem sequer um empate. Desta feita, o ideal era mesmo vencer por mais de dois golos, de modo a anular a desvantagem perante os alemães decorrente da derrota sofrida na Luz logo na primeira jornada (1-2), e ainda esperar que o Lyon não vença o Zenit na Rússia; depois, na última jornada, na receção ao Zenit, os encarnados terão de vencer e esperar por novo deslize do Lyon ou, caso tenham anulado a desvantagem no confronto direto com os alemães, aguardar por um triunfo dos franceses.
Mas existe inclusive a hipótese de o Benfica vencer em Leipzig… e ser eliminado: se o triunfo for por 1-0, os encarnados ficam em desvantagem no confronto direto e, nesse caso, se o Lyon vencer o Zenit, alemães e franceses garantem já o apuramento. Resta ainda dizer que ao Leipzig basta um empate frente às águias para se apurar, mas até pode nem ser preciso, caso os russos não vençam o Lyon.
Adversário elogia São muitas contas e muitos “ses”, até tendo em consideração que do outro lado estará o segundo classificado da liga alemã (a um ponto do líder, Borussia Mönchengladbach). O Benfica, de resto, corre mesmo o risco de ficar arredado até da Liga Europa, caso perca esta noite e o Zenit vença o Lyon, agravando ainda mais um registo que está longe de ser positivo: no atual formato competitivo da Champions, as águias superaram a fase de grupos apenas em cinco das 14 participações.
Apesar do último lugar no grupo G, Julian Nagelsmann, o jovem treinador do Leipzig, reservou rasgados elogios ao campeão português. “O Benfica foi a equipa que nos criou mais problemas no grupo. É verdade que o Lyon ganhou em nossa casa, mas foi culpa nossa, não foi porque o Lyon teve um dia bom… O próprio Benfica esperava mais de si, mas não vejo as coisas tão negras assim. Talvez sejamos um pouco favoritos mas, às vezes, David vence Golias”, salientou o técnico alemão, completando a análise às águias: “Do Benfica espero quase a mesma coisa. Não vai apresentar o mesmo onze, mas a atitude será a mesma. Estamos a falar de uma equipa que gosta de ter a bola e na Luz, especialmente nos primeiros 20 minutos, deu uma ótima imagem. Os primeiros minutos não foram bons para nós. Amanhã espero que não ataquem tanto como em Lisboa. No entanto, o Benfica não pode ficar lá atrás, tem de atacar. Espero um adversário a atacar com toda a força desde o início”.
Tudo em jogo Nos restantes jogos do dia há mais decisões a rebentar. No grupo E, quem vencer o encontro entre Liverpool e Nápoles garante um lugar nos oitavos – e o empate pode servir a ambos, desde que o Salzburgo não vença no terreno do Genk. No grupo F, o vencedor do Barcelona-Borússia de Dortmund apura-se igualmente para a fase a eliminar; em caso de empate, os catalães poderão festejar se o Inter de Milão não vencer o Slavia de Praga na República Checa.
Já o grupo H é o que está mais embrulhado: Ajax, Chelsea e Valência têm os mesmos sete pontos e o duelo no Mestalla entre ches e blues pode ser absolutamente decisivo para as contas finais – ainda que a única equipa que pode desde já seguir em frente seja o Chelsea, caso vença os espanhóis e o Ajax não ganhe ao Lille em França, uma vez que há um Ajax-Valência na derradeira jornada. Já a equipa francesa, do quarteto luso composto por José Fonte, Tiago Djaló, Xeka e Renato Sanches, só tem hipóteses (e remotas) de chegar ao terceiro lugar, precisando para tal de vencer o Ajax em Amesterdão.