“Sou uma voz do passado, do presente e do futuro, como todas” afirma Rangel

“Sou uma voz do passado, do presente e do futuro, como todas” afirma Rangel


Eurodeputado conseguiu reunir figuras como Marques Mendes, José Luís Arnaut, Mira Amaral ou Morais Sarmento, elogiou Rio e disse esperar reversão das tendências nas sondagens.


«Sou uma voz do passado, do presente e do futuro, como todas». Foi desta forma que ontem o eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, respondeu à pergunta  sobre a hipótese de ser uma voz de futuro no PSD. O seu nome é sempre apontado como uma reserva no partido, no caso de uma disputa eleitoral interna no PSD, e o número de notáveis sociais-democratas na mesma sala não passou despercebido a ninguém. Isto apesar de o próprio recusar fazer análises ou leituras da presença de tantos destacados militantes do PSD num evento para o ouvir falar sobre o futuro da Europa.

Rangel, ontem, discursou sobre a Europa e os novos equilíbrios globais, no International Club of Portugal, e estiveram a ouvi-lo o antigo líder do PSD, Marques Mendes, os ex-ministros José Luís Arnaut e Morais Sarmento ( atual vice-presidente do PSD), Mira Amaral, Miguel Frasquilho, mas também o presidente da concelhia do PSD/Porto Hugo Neto, o ex-líder do PSD/Lisboa Paulo Ribeiro, ou Miguel Pinto Luz, também potencial candidato à liderança do PSD. 

As preocupações com o Brexit foram um dos temas abordados. Na fase de perguntas, Rangel lembrou que poderia ter havido uma resposta mais concertada dos países periféricos, mais atlantistas. Abordou o papel da Rússia, mas também da China, um império com quatro mil anos e, no final do debate, acabou por falar da atualidade nacional, leia-se eleições legislativas e PSD.

Paulo Rangel manifestou-se «muito esperançado» com o arranque da pré-campanha, e sinalizou o bom desempenho de Rui Rio nos debates televisivos. À cabeça está a entrevista à TVI, que animou até algumas bases do partido, ao ponto de enviarem e-mails a distritais para participarem na campanha. A direção também se animou com a prestação de Rio e as reações nas redes sociais.

O eurodeputado também vai participar, tanto em ações de âmbito nacional como local, mas falta definir o calendário e acertar agendas. Sobre o número de dirigentes e antigos dirigentes presentes para o ouvir falar sobre os desafios da Europa, Rangel teve resposta pronta: «Alguns vêm por amizade, outros por interesse» no tema, declarou.

Montenegro avalia convites Quem também está a fazer pré-campanha é o antigo líder parlamentar e challenger assumido de Rui Rio, Luís Montenegro. O périplo começou por Viseu, a convite da distrital, ao lado do cabeça-de-lista, Fernando Ruas. Montenegro tem mais convites, não fechou a agenda, mas irá estar, por exemplo, em Leiria, ao lado de Margarida Balseiro Lopes, a cabeça-de-lista e presidente da JSD.

No PSD, há quem encare as deslocações de Montenegro  como uma forma de estar próximos das estruturas distritais e das bases do partido, a pensar no dia seguinte às eleições legislativas. Mas o discurso do ex-líder parlamentar é o de que quer ajudar a inverter os resultados negativos das sondagens que dão uma clara vitória ao PS.

Leiria e Lisboa com desfile de ‘notáveis’ No terreno, os cabeças-de-lista mobilizam militantes para a campanha. Em Lisboa, por exemplo, é expectável que o antigo ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, se junte à campanha da equipa liderada por Filipa Roseta. Jorge Moreira da Silva, recorde-se, já sinalizou a vontade de concorrer à liderança. Por agora, quer participar na campanha eleitoral.

Em Leiria, o processo já vai mais avançado e a cabeça-de-lista Margarida Balseiro Lopes contou esta semana com José Eduardo Martins, ex-candidato autárquico. Num depoimento disponível na rede social Facebook,  o ex-candidato autárquico surgiu ao lado da também líder da JSD numa visita às Berlengas para falar do ambiente e da biodiversidadade. De realçar que Martins arrependeu-se de ter votado em Rio nas eleições internas do PSD em janeiro de 2018 e assumiu-o publicamente. Mas a equipa de Leiria terá militantes destacados a acompanhar toda a campanha, críticos ou não críticos da liderança de Rio. Por exemplo, no próximo dia 20, José Pedro Aguiar-Branco e Teresa Morais (anterior cabeça-de-lista) estarão com os candidatos a deputados de Leiria em Figueiró dos Vinhos. Pedro Duarte e Hugo Soares, críticos da liderança do presidente do partido, também participarão. Soares, aliás, foi o único nome vetado pela direção do PSD, assumido como tal por Rui Rio.

Mas Margarida Balseiro Lopes irá contar também com Miguel Poiares Maduro, que tem estado ao lado do presidente social-democrata, no próximo dia 28 de setembro, além de contar com o ainda deputado António Leitão Amaro. No dia 24, de setembro, Marques Mendes e Paula Teixeira da Cruz também farão campanha em Leiria.

Rio aposta nos indecisos Por seu turno, o presidente do PSD está a preparar o período de campanha de olhos postos nos indecisos. Para já, não tem a agenda fechada, mas estão previstos quatro comícios – ou grandes concentrações –  a realizar no período entre os dias 22 de setembro e 4 de outubro. Segundo informações recolhidas pelo SOL, devem realizar-se  dois por cada semana do período oficial de campanha.

Paralelamente, a direção de campanha deverá apostar ainda em iniciativas com sessões de perguntas ao presidente do PSD, estando previstas duas a três ações do género. A primeira será já na próxima semana, a 10 de setembro, com os Autarcas Sociais-Democratas, em Fátima.

Rio, que ontem apresentou o programa eleitoral no Porto, quer um discurso virado ao centro, apostado em falar aos indecisos. A experiência negativa das Europeias demonstra que será por aí que o presidente do PSD pode captar mais votos, sobretudo de quem não saiu de casa para votar no seu partido nas eleições de maio.

Esta semana, o líder do PSD  já defrontou a presidente do CDS, Assunção Cristas, num debate transmitido na SIC. A ordem foi clara para os dois lados: não hostilizar os antigo parceiros de coligação. No limite, Rio aceita uma coligação pós-eleitoral, se for necessária, com o CDS. Rangel aproveitou ontem a deixa para a defender: « Espero que o PSD e CDS se entendam se tiverem maioria para isso».

Rio recusa viabilizar um Governo do PS, mas admite apenas e tão só  celebrar acordos para reformas estruturais – e a ideia foi aplaudida no PSD.

Ontem, o PSD apresentou o programa eleitoral, aprovado no conselho nacional de 30 de julho. Duas das propostas passam pela revisão dos ‘vistos gold’, «limitados aos setores produtivos»  e destinados às zonas do interior, além de um estudo de uma  nova ligação nacional Sul-Norte em Alta Velocidade (a pensar no TGV).