O administrador da TAP Abílio Martins recebeu 110 mil euros de prémio da TAP. Ao todo, a companhia aérea pagou bónus de 1,17 milhões de euros a 180 pessoas, apesar de ter registado um prejuízo de 118 milhões de euros no ano passado. O ex–braço direito de Zeinal Bava na PT e na Oi beneficiou deste prémio mesmo com a empresa que administra, a Cateringpor, a apresentar perdas pela primeira vez. O mesmo valor foi recebido pelo chief revenue officer da TAP, Elton D’Souza.
De acordo com a lista a que o i teve acesso, os valores variam entre os 110 mil e pouco mais de mil euros e foram pagos com o salário de maio destes colaboradores.
Também o chief technical officer, Mário Lobato de Faria, surge no terceiro lugar do ranking dos que receberam os maiores prémios, ao ter encaixado mais de 88 mil euros.
A seguir a estes valores milionários aparecem ainda prémios de 49 mil euros – Miguel Paiva Gomes, global chief cargo officer da TAP – e de 42 mil euros – Alexandra Reis, chief procurement officer.
Os restantes prémios são iguais ou inferiores a 30 mil euros, onde se destaca o de quase 18 mil euros recebido por Stéphanie Silva, do gabinete jurídico da empresa. A mulher de Fernando Medina e filha do ex-ministro da agricultura Jaime Silva entrou na empresa, a 1 de maio de 2018, a convite do acionista privado Atlantic Gateway.
Paulo Duarte, coordenador do Sitava (Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos), já reagiu a esta situação e disse que estranhava “muito a TAP ter tomado essa iniciativa, que nunca foi prática habitual e que vai lançar a desigualdade entre trabalhadores pela falta de equidade”, visto que apenas alguns foram escolhidos.
“Não entendemos isto tendo em conta que num ano em que tivemos lucros [2017], os prémios foram distribuídos por todos” num valor igual, detalhou o dirigente sindical à Lusa.
Ano negro Os preços dos combustíveis e os custos relacionados com a reestruturação e indemnização a passageiros ditaram os resultados referentes a 2018. “O ano de 2018 foi difícil para a TAP quer em termos operacionais, quer em termos económicos e financeiros”, chegou a admitir o presidente do conselho de administração da TAP, Miguel Frasquilho, durante a apresentação de resultados, em março. No entanto, a companhia aérea admitiu que “são custos que não se devem repetir para a frente e que serviram para resolver problemas históricos da companhia”.
Uma dessas penalizações diz respeito ao cancelamento de 2490 voos que obrigaram ao aluguer de aviões de substituição com tripulações e ao pagamento de indemnizações a passageiros – uma medida que custou à TAP cerca de 41 milhões de euros. Também o gasto com combustível aumentou para 799 milhões de euros – no ano anterior tinha sido de 580 milhões de euros.