Mourinho. As vitórias do passado estão no museu


 “No dia que for despedido e que tenha de sair de um clube e de uma cidade, não vou chorar nem dizer mal, nem arranjar desculpas nem bodes expiatórios”


José Mourinho é um homem que já ganhou muitos títulos e mesmo no Manchester United conseguiu ganhar uma Liga Europa – uma competição que o técnico setubalense dizia ser menor e sem qualquer interesse. Só que, nos últimos anos, Mourinho tem vindo a perder a estrelinha de campeão e para onde vai só arranja problemas com jogadores, treinadores e dirigentes. O técnico português julga-se acima de todos e, quando os resultados começam a dar para o torto, culpa toda a gente menos a si próprio. Há 14 anos, aquando da sua primeira passagem pelo Chelsea, Mourinho dizia que havia muitos treinadores que tinham ganho muitos títulos, mas isso tinha sido no passado, dando o exemplo de Trapattoni e Fabio Capello, entre outros.

Como estava na mó de cima e nunca tinha sido despedido, gostava de anunciar que era pago para ganhar: “É o que esperam de mim, conseguir resultados. Quando não conseguir resultados, sou despedido. O futebol é isto. Cada um, à sua dimensão, é pago para ter sucesso.” E acrescentou: “No dia que for despedido e que tenha de sair de um clube e de uma cidade, não vou chorar nem dizer mal, nem arranjar desculpas nem bodes expiatórios.”

Catorze anos depois desta entrevista, Mourinho foi ao cume da montanha do sucesso desportivo, mas nos últimos tempos tem andado mais pelo sopé. Nessa mesma ocasião, Mourinho anunciava que por volta dos 50 anos, o mais tardar aos 55, queria treinar a seleção portuguesa, pois já teria conquistado tudo o que queria a nível de clubes. Não se sabe se o técnico que venceu duas Ligas dos Campeões está a pensar em abandonar os clubes, mas não parece. Afinal, Mourinho tornou-se um verdadeiro campeão das indemnizações e haverá sempre mais um clube onde poderá entrar em conflito com os jogadores, para lhes dizer que já ganhou mais títulos do que eles todos juntos. Só que o treinador português se esquece que viver do passado não dá vitórias no presente nem no futuro. O passado, como gostam de dizer os homens da bola, é museu.