Vítimas da estrada. É mais fácil multar


As polícias são encaminhas para estradas que rendem fortunas ao Estado, mas pouco contribuem para a diminuição dos acidentes. Quem é apanhado a 150 km na autoestrada está a pôr a vida de alguém em risco?


Ontem comemorou-se o Dia Mundial das Vítimas da Estrada e José Artur Neves, secretário de Estado da Proteção Civil, fez algumas revelações surpreendentes no que toca à repressão das polícias. Disse José Neves que nos primeiros dez meses do corrente ano houve mais 82,2% de autos de contraordenação, mais 791,5% de autos graves decididos e mais 256% de decisões relativas a autos muito graves. Apesar destes brilharetes, o número de vítimas mortais não tem diminuído significativamente em relação ao ano anterior, em que 602 pessoas perderam a vida nas estradas portuguesas.

Como facilmente se percebe, os sucessivos governantes estão muito mais preocupados com a repressão do que com o combate efetivo ao flagelo. É óbvio que ninguém quer que morram pessoas nas estradas, mas o foco, em vez de estar no combate aos pontos negros, está na luta pela multa de uma forma mais ou menos cega. Senão vejamos: 77% dos acidentes com vítimas registaram-se dentro das localidades, o que revela que o combate policial que é feito não acontece onde deveria ocorrer. As polícias são encaminhas para estradas que rendem fortunas ao Estado, mas pouco contribuem para a diminuição dos acidentes. Quem é apanhado a 150 km na autoestrada está a pôr a vida de alguém em risco? Mas, se calhar, quem vai a 70 km numa localidade sem bermas, por exemplo, em que a entrada das casas dá para a estrada, já põe, e muito, em risco esses peões. Só que, nessas zonas, passam poucos carros e, por conseguinte, dão poucas multas… Já um radar na autoestrada ou em vias com três faixas para cada lado é uma autêntica slot machine para os cofres do Estado.

Ontem, uma jovem piloto despistou-se a mais de 270 km no Grande Prémio de Macau. Voou literalmente até se enfaixar num edifício atrás da curva e deverá recuperar nos próximos dias. Porquê misturar este assunto? Porque os carros, hoje, são muito mais seguros e não são as autoestradas nem as vias com duas ou três faixas para cada lado o problema dos acidentes rodoviários. Apostem na prevenção nas localidades, dificultem a vida aos condutores em ruas de bairros e aumentem, já agora, os limites de velocidade nas vias rápidas.


Vítimas da estrada. É mais fácil multar


As polícias são encaminhas para estradas que rendem fortunas ao Estado, mas pouco contribuem para a diminuição dos acidentes. Quem é apanhado a 150 km na autoestrada está a pôr a vida de alguém em risco?


Ontem comemorou-se o Dia Mundial das Vítimas da Estrada e José Artur Neves, secretário de Estado da Proteção Civil, fez algumas revelações surpreendentes no que toca à repressão das polícias. Disse José Neves que nos primeiros dez meses do corrente ano houve mais 82,2% de autos de contraordenação, mais 791,5% de autos graves decididos e mais 256% de decisões relativas a autos muito graves. Apesar destes brilharetes, o número de vítimas mortais não tem diminuído significativamente em relação ao ano anterior, em que 602 pessoas perderam a vida nas estradas portuguesas.

Como facilmente se percebe, os sucessivos governantes estão muito mais preocupados com a repressão do que com o combate efetivo ao flagelo. É óbvio que ninguém quer que morram pessoas nas estradas, mas o foco, em vez de estar no combate aos pontos negros, está na luta pela multa de uma forma mais ou menos cega. Senão vejamos: 77% dos acidentes com vítimas registaram-se dentro das localidades, o que revela que o combate policial que é feito não acontece onde deveria ocorrer. As polícias são encaminhas para estradas que rendem fortunas ao Estado, mas pouco contribuem para a diminuição dos acidentes. Quem é apanhado a 150 km na autoestrada está a pôr a vida de alguém em risco? Mas, se calhar, quem vai a 70 km numa localidade sem bermas, por exemplo, em que a entrada das casas dá para a estrada, já põe, e muito, em risco esses peões. Só que, nessas zonas, passam poucos carros e, por conseguinte, dão poucas multas… Já um radar na autoestrada ou em vias com três faixas para cada lado é uma autêntica slot machine para os cofres do Estado.

Ontem, uma jovem piloto despistou-se a mais de 270 km no Grande Prémio de Macau. Voou literalmente até se enfaixar num edifício atrás da curva e deverá recuperar nos próximos dias. Porquê misturar este assunto? Porque os carros, hoje, são muito mais seguros e não são as autoestradas nem as vias com duas ou três faixas para cada lado o problema dos acidentes rodoviários. Apostem na prevenção nas localidades, dificultem a vida aos condutores em ruas de bairros e aumentem, já agora, os limites de velocidade nas vias rápidas.