No discurso de encerramento da XI Conveção Nacional do Bloco de Esquerda, Catarina Martins garantiu que o partido estará no governo quando "o povo quiser". "Não nos perguntem se queremos fazer parte de um governo que ainda não foi eleito. Só estaremos lá quando o povo quiser", garantiu.
A líder dos bloquistas afirmou que o partido conseguiu muitos "impossíveis", mas admitiu que ainda há muita coisa para fazer. Nesse sentido, apresentou as cinco reformas estruturais que considera necessárias para o país: nas questões do Sistema Nacional de Saúde, demografia, ambiente, controlo público da banca e da energia e a criação de uma entidade da transparência que define regras para os gestores públicos.
Durante a intervenção, Catarina Martins aproveitou ainda para deixar um recado a António Costa, acusando-o de se ter esquecido de referir no congresso do PS que "este governo só vive com os acordos à esquerda". Apesar disso, líder do Bloco de Esquerda salientou a "amizade" que existe entre "toda a gente" que trabalhou para essa convergência e garantiu que os bloquistas não se arrependem de nada.
Mas nem tudo foi fácil. Catarina Martins afirmou que foram "dias longos e intensos" de negociação com o governo, ao longo dos últimos anos, e referiu mesmo que "negociar com ministros e secretários de Estado às vezes é tarefa para ganhar o céu".
E houve um momento em que a legislatura esteve mesmo em risco: quando o governo quis compensar os patrões pelo aumento do salário mínimo baixando a TSU. Para a líder do Bloco, mais uma vez aí os bloquistas conseguiram o "impossível". "Queríamos e conseguimos o aumento do salário mínino, mas não damos com uma mão para tirar com a outra. O governo acabou por manter a TSU e aumentou o salário mínimo", lembrou.
Mesmo com os obstáculos, Catarina Martins referiu que o Bloco obteve muitas conquistas durante estes anos de geringonça no governo, destacando o aumento do salário mínimo, a descida das propinas, o corte nos impostos, a defesa das pensões e a disponibilização de manuais gratuitos para os alunos. E sublinhou que, ao contrário do que dizia a direita, tudo isso foi possível sem que o país tenha caido num "abismo económico".