“Aproveitar aquelas paredes gigantes e comunicar com as pessoas que vivem e que passam lá”. É assim que se resume a Poster Mostra Pública, segundo o diretor criativo e organizador Bruno Pereira.
Até 29 de outubro, as ruas de Marvila vão exibir 30 cartazes de 30 artistas diferentes, numa iniciativa que pretende “comunicar através de um local que não é escolhido ao acaso, no centro da capital e que parece ser um local abandonado pelas gentes que não vivem lá”, explicou o diretor.
“É obviamente mais uma razão para um passeio por Marvila, por caminhos e ruas mais escondidos e não tão comuns nas nossas viagens rápidas”, afirmou Vera Marmelo, fotógrafa convidada, que tambémconfessou ser “um luxo” ver o trabalho exposto pelas ruas de Marvila.
Junto à estrada e em ruas onde é mais fácil o acesso a pé, esta iniciativa diferencia-se por sair “do circuito restrito e de elite para saltar para a rua. Assim qualquer pessoa que vá no passeio, no autocarro ou no carro tem contacto com a arte. É um pouco “se não vais ter com a arte, a arte vem ter contigo”, como explicou Adriano Miranda, fotógrafo convidado.
Esta é “uma galeria a céu aberto que visa divulgar artistas e trazer vida a um bairro de Lisboa que outrora esteve tão abandonado”, descreveu Rita Braz.
Para a organização da Poster, a relação das pessoas com a arte é um dos principais objetivos. Outro é promover um “local não óbvio”, conta Bruno Pereira.
“Devemos estimular um diálogo permanente entre sociedade e cultura”, diz This is Pacífica, atelier convidado responsável por uma das obras viradas para o rio Tejo.
Para os artistas como Novo Coroné, vencedor da Open Call, é “muito interessante ver como os outros reagem às imagens que criamos. Lisboa é uma grande cidade e as paredes de Marvila são um local tão bom ou melhor que qualquer outro, para uma exposição visual”.
Para dar outra vida a estas paredes, o Poster convidou alguns artistas para participar nesta exposição ao ar livre e dá oportunidade a todas as pessoas de participar na Open Call, onde foram selecionados 10 obras.
“É importante haver mais iniciativas como esta em que é mostrado o trabalho de artistas de renome com o trabalho de pessoas que estão a aparecer, o que traz visibilidade e valor aos mesmos”, afirma Giotto, um dos vencedores da Open Call.
Também para os artistas, esta é uma iniciativa importante porque “para um novo artista não é fácil conseguir fazer parte de uma exposição”, afirmou Mónica Sousa, uma das vencedoras do concurso.
Esta Mostra não tem qualquer indicação de tema, sendo o principal critério “a multidisciplinaridade”.
Para Tháysa Barbosa, vencedora da Open Call, à semelhança do que acontece com outros artistas, a sua peça serve como uma chamada de atenção para as condições de vida no Brasil: “É fazer com que a minha dor se transforme em força para que as pessoas tenham coragem de lutar todos os dias. Quem não luta aqui no Brasil, está morto”.
Depois de “forrar as paredes” do quarto de pósteres na juventude, Bruno Pereira acredita que ainda hoje estes são um “meio de comunicação super interessante e eficaz… Uma forma interativa e com muito mais poder do que secalhar um post no facebook ou no instagram”
Vá “dar uma volta de skate em Marvila que as paredes falam”, é o convite de Filippo Fiumani, artista, para que todos – amantes ou não de skate – parem e olhem para as paredes de Marvila.