Rui Rio: poupar no dinheiro e nas palavras


Numa altura em que os principais partidos acumulam dívidas astronómicas, Rio quer dar um exemplo de disciplina começando pela sua própria casa. Faz sentido


Bastou ver algumas imagens transmitidas pelas televisões para perceber que a Festa do Pontal, que marca a rentrée dos sociais-democratas, este ano não se distinguiu muito de uma patuscada entre amigos. Rui Rio justificou a contenção e, de caminho, deu uma “bicada” à anterior direção do partido: “Gastar 80 mil euros a carregar militantes para uma praça, apenas para as imagens na televisão, e deixar os credores à porta, não é correto. Depois de o partido ter recuperado as finanças do país, de termos esse orgulho – e bem – não vamos agora fazer o contrário”.

Neste aspeto o novo líder do PSD tem-se pautado pela coerência. Defensor de uma cultura de rigor, ainda há poucos dias pôs autarcas em tribunal por terem excedido o orçamento para uma campanha sem terem obtido superior autorização para isso. Numa altura em que os principais partidos acumulam dívidas astronómicas, Rio quer dar um exemplo de disciplina começando pela sua própria casa. Faz sentido.

Mas se aí o risco de parecer paroquial pode trazer-lhe dividendos, há outro aspeto em que a sua tentativa de “moralizar” a política poderá sair-lhe cara. Rio não quer contribuir para a guerra de palavras que caracteriza a politiquice e, quando muitos esperam que ele fale contra o governo, mantém-se em silêncio. Em nome do interesse nacional. Curiosamente, o seu antecessor, Passos Coelho, adotara uma postura idêntica nos últimos tempos. Achava que devia falar pouco, ignorando que isso equivalia na prática ao desaparecimento do maior partido da oposição e favorecia quer o governo, quer o aparecimento de outros protagonistas.

Se, além de poupar no dinheiro, Rio também quer poupar nas palavras, pode fazê-lo. Mas deve então arranjar alguém muito próximo de si que preencha esse vazio. Caso contrário arrisca-se a perder por falta de comparência, como aconteceu a Passos Coelho. Com uma agravante. Ao contrário de Rio, Passos já tinha sido primeiro-ministro. E não tinha o partido em peso a conspirar contra si.


Rui Rio: poupar no dinheiro e nas palavras


Numa altura em que os principais partidos acumulam dívidas astronómicas, Rio quer dar um exemplo de disciplina começando pela sua própria casa. Faz sentido


Bastou ver algumas imagens transmitidas pelas televisões para perceber que a Festa do Pontal, que marca a rentrée dos sociais-democratas, este ano não se distinguiu muito de uma patuscada entre amigos. Rui Rio justificou a contenção e, de caminho, deu uma “bicada” à anterior direção do partido: “Gastar 80 mil euros a carregar militantes para uma praça, apenas para as imagens na televisão, e deixar os credores à porta, não é correto. Depois de o partido ter recuperado as finanças do país, de termos esse orgulho – e bem – não vamos agora fazer o contrário”.

Neste aspeto o novo líder do PSD tem-se pautado pela coerência. Defensor de uma cultura de rigor, ainda há poucos dias pôs autarcas em tribunal por terem excedido o orçamento para uma campanha sem terem obtido superior autorização para isso. Numa altura em que os principais partidos acumulam dívidas astronómicas, Rio quer dar um exemplo de disciplina começando pela sua própria casa. Faz sentido.

Mas se aí o risco de parecer paroquial pode trazer-lhe dividendos, há outro aspeto em que a sua tentativa de “moralizar” a política poderá sair-lhe cara. Rio não quer contribuir para a guerra de palavras que caracteriza a politiquice e, quando muitos esperam que ele fale contra o governo, mantém-se em silêncio. Em nome do interesse nacional. Curiosamente, o seu antecessor, Passos Coelho, adotara uma postura idêntica nos últimos tempos. Achava que devia falar pouco, ignorando que isso equivalia na prática ao desaparecimento do maior partido da oposição e favorecia quer o governo, quer o aparecimento de outros protagonistas.

Se, além de poupar no dinheiro, Rio também quer poupar nas palavras, pode fazê-lo. Mas deve então arranjar alguém muito próximo de si que preencha esse vazio. Caso contrário arrisca-se a perder por falta de comparência, como aconteceu a Passos Coelho. Com uma agravante. Ao contrário de Rio, Passos já tinha sido primeiro-ministro. E não tinha o partido em peso a conspirar contra si.