Candidatos há muitos!


Todos os dias aparece um novo candidato – ou candidato a candidato – à presidência do Sporting. Primeiro foi o médico Varandas, depois um construtor civil, a seguir Madeira Rodrigues, e anunciam-se ainda um tal João Benedito, um dos gémeos Castro, Dias Ferreira… E até o próprio Bruno de Carvalho já veio reclamar o direito…


Todos os dias aparece um novo candidato – ou candidato a candidato – à presidência do Sporting. Primeiro foi o médico Varandas, depois um construtor civil, a seguir Madeira Rodrigues, e anunciam-se ainda um tal João Benedito, um dos gémeos Castro, Dias Ferreira… E até o próprio Bruno de Carvalho já veio reclamar o direito de se candidatar.

É um ver-se-te-avias, que dá um péssimo espetáculo ao país – e, de certa forma, dá razão a Bruno de Carvalho. Porquê? Porque este pode agora dizer que todos os que estavam contra ele o que queriam, afinal, era ir para o poleiro. O problema deles não era Bruno de Carvalho – era quererem ser eles a estar no seu lugar.

A sucessão de Vale e Azevedo no Benfica processou-se de forma radicalmente diferente. A oposição toda uniu-se em torno de uma pessoa – Manuel Vilarinho – para afastar Vale e Azevedo do poder. Uma pessoa com um perfil oposto ao do presidente que se queria substituir: mais séria, mais discreta, mais responsável, mais identificada com os interesses do clube e não com os seus interesses. Vilarinho ganhou. E depois passou o poder tranquilamente a Luís Filipe Vieira, com os (bons) resultados conhecidos.

No Sporting está a acontecer o contrário. E esta profusão de candidatos não augura nada de bom. Esta quantidade de leões a atirarem-se ao poder, como gato a bofe, é um espetáculo deprimente. Até Bruno de Carvalho – ou alguém por ele – pode ganhar. E depois ninguém mais o tira de lá.

Madeira Rodrigues descartou Peseiro, o treinador contratado por Sousa Cintra, e apresentou-se com Ranieri debaixo do braço, repetindo o erro das últimas eleições – em que renegou Jesus e escolheu um técnico de que já não recordo o nome. É certo que Peseiro não tem o perfil de um ganhador. Ultimamente passou pelo FC Porto, Braga e Guimarães e nunca triunfou, sendo sempre dispensado antes do tempo. Mas talvez seja o treinador certo para esta fase. É um homem educado, cordato, civilizado, que não ganha mas sabe de futebol. E o Sporting está farto nos últimos meses de um estilo agressivo, trauliteiro, fanfarrão e malcriado.

O Sporting precisa de tranquilidade a todos os níveis – e Peseiro pode dá-la ao nível do balneário. Agora falta que no topo do clube apareça um homem com as características certas para mudar a imagem do Sporting, o tirar do caos e lhe devolver a credibilidade.

Nos últimos meses, o Sporting assemelhava-se a um comboio descarrilado – e, nessa sua trajetória louca, quais seriam os patrocinadores, os bancos, as instituições respeitáveis que quereriam associar-se a ele? 

A próxima direção tem, assim, a tarefa homérica de pôr outra vez o Sporting nos carris. De recuperar a respeitabilidade perdida. Mas não é com uma alcateia de leões famintos que isso se conseguirá.