António Costa pede calma. "Ao contrário do que alguns parecem pensar, a legislatura ainda não chegou ao fim e, sobretudo, nós ainda temos muito trabalho pela frente", diz o primeiro-ministro, que esta semana tem dito ser "extemporâneo" começar já a falar no Orçamento de 2019, numa altura em que BE e PCP aumentam a pressão ao Governo depois de verem Mário Centeno rever em baixa a meta do défice para 2018.
O défice é, aliás, o elefante no meio da sala deste debate quinzenal e António Costa não hesitou em construir a sua intervenção à volta disso, para tentar reforçar a ideia de que as metas de consolidação orçamental não são alcançadas à custa de cortes ou cativações.
"Não foi um défice conseguido à custa de mais austeridade", vincou Costa que acha que, o défice de 0,9% alcançado em 2017 "foi mesmo um desafio conquistado graças ao fim da austeridade".
"Se querem mesmo saber como se reduziu o défice, a explicação é simples: emprego, emprego, emprego", afirmou o primeiro-ministro, sublinhando o facto de esta trajetória de consolidação orçamental estar a ser feita ao mesmo tempo que o Governo honra os compromissos assumidos à esquerda.
"Cumprimos todos os compromissos e se os resultados são melhores é porque a política que seguimos produz bons resultados. Por isso, também crescemos mais do que o previsto, por isso o desemprego reduziu mais do que esperávamos… e o défice também", disse o primeiro-ministro, que apresenta contas para se justificar.
António Costa recordou que o aumento do emprego "poupou em dois anos 448 milhões de euros em subsídios de desemprego" e 1,6 mil milhões de euros em contribuições para a Segurança Social, "ou seja, metade da redução do défice deve-se à redução do desemprego e à criação de mais e melhor emprego".
O recado a BE e PCP fica dado: "Nenhuma das medidas que aprovámos no OE2018 será posta em causa para cumprir a meta agora prevista". Mas há também a promessa de aumento de investimento público.
"Entre 2018 e 2022 o investimento público manterá uma dinâmica de crescimento muito significativa. No total, serão mais de sete mil milhões de euros investidos, entre outras obras públicas, na construção de cinco novos hospitais, na intervenção estrutural em mais de 200 escolas, na execução dos corredores ferroviários norte e sul, no Plano Nacional de Regadios ou no Plano de Investimento Portuário", garantiu António Costa, que anunciou também a apresentação de um conjunto de políticas para a habitação que serão apresentadas na próxima semana.