A bem da nação, limpem as matas


O ano passado, Portugal foi varrido por uma onda de incêndios que provocou a morte a mais de 100 pessoas. Os trágicos acidentes obrigariam o governo e a sociedade civil a mexerem-se antes de chegar a nova época de incêndios. 


António Costa chegou-se à frente e tirou da gaveta projetos com anos mas que não estavam a ser colocados em prática. Ao tomar essa decisão, o primeiro- -ministro entrou, obviamente, em conflito com os vários interesses na matéria. Mas a verdade é que o governo decidiu, e bem, obrigar todas as entidades envolvidas nos terrenos a limparem-nos, a bem ou à custa de multas.

Podemos dizer que é bastante injusto para pessoas com fracos rendimentos e que não têm a destreza física para o fazer. Aí caberá às câmaras e às juntas de freguesia ajudarem quem não pode, fazendo com que essas pessoas não percam o trabalho de uma vida. Esta semana já foi noticiado que muitos pequenos proprietários quiseram oferecer os terrenos às juntas por incapacidade de os limparem, mas o caminho não deve ser esse.

Quanto aos outros, é bom que façam o que têm a fazer pois o país não pode continuar a arder e a matar pessoas por desleixo ou guerra de partilhas, já que os vários herdeiros não se entendem e os terrenos ficam ao abandono – não se sabendo em muitos casos a quem pertencem. Mas o problema também está para lá da sociedade civil. Por que razão não hão de os bombeiros e as forças armadas contribuir para a limpeza das matas? As câmaras e o governo não financiam essas entidades? Sabendo-se que se aproxima mais um ano de seca, com variações de temperatura especiais, propícias a grandes incêndios, não deve o governo usar todos os meios que tem ao seu dispor para obrigar os vários intervenientes a limpar o que lhes compete? Por absurdo, poderá dizer-se que o negócio dos fogos é bem mais rentável que o da prevenção, mas o que se passou o ano passado foi mau demais para se voltar a repetir.

O país não pode acordar com notícias tão trágicas como as de junho e outubro do ano passado. Só isso.