Chama-me Pelo Teu Nome. O fantasma de Guadagnino

Chama-me Pelo Teu Nome. O fantasma de Guadagnino


De “apricot”, relevante será saber que fez uma longa viagem e no sentido inverso àquele que se julga. Nem árabe nem grego, veio primeiro do latim malum (fruto) praecocum (precoce, prematuro), para fruto que amadurece cedo. Só depois foi “berikokkon”, em grego, e por fim “albarkuk”, em árabe. 


Lição oferecida pelo assistente, Oliver (Armie Hammer), ao professor que visita durante o verão na sua casa de férias em Itália, onde há de conhecer o filho do segundo, Elio (Timothée Chalamet), de 17 anos, que com ele embarcará na (re)descoberta da sua sexualidade.

Algures no norte de Itália, em 1983, assim começa o mais recente filme de Luca Guadagnino, adaptado do romance homónimo de André Aciman por James Ivory, que depois de Sundance daria a volta a 2017 para o terminar com o incompreensível epíteto de um dos melhores filmes do ano, a ponto de o realizador ter revelado já vontade de fazer uma sequela – ou mesmo várias.

Incompreensível porque, além da mais que citada e reproduzida metáfora dos alperces, no final, nem discussões à mesa sobre Buñuel e a morte de Buñuel e o seu “Fantasma da Liberdade” (1974), nem o piano, nem a cultura clássica no debitar de referências com que Guadagnino não nos larga – na verdade, parece querer abrigar-se nelas – serão capazes de salvar um filme em que tudo virá de mais. Tudo, exceto o que faz um filme.

No fim de contas, este “filme do ano” aparece como uma espécie de Kechiche mal amanhado. Como um fantasma do que poderia ter sido.