Rui Rio, um homem que vai animar os média


A vitória de Rui Rio vai fazer crescer a animação nos média, atendendo à noção de liberdade que o novo líder do PSD tem.


Os militantes laranja escolheram um homem que convive pessimamente com a liberdade de imprensa e tem uma noção de justiça parecida com a dos chefes de governo da Polónia ou da Hungria. Ou seja: a separação de poderes é muito bonita, mas só até certo ponto.

Mas Rui Rio é personagem para muito mais: quando Miguel Relvas, militante e antigo governante laranja, deu uma entrevista a dizer que o novo homem forte do partido terá o prazo de validade de dois anos, até às próximas eleições legislativas, logo o ainda candidato à liderança avisou, gritando, que mal chegasse aos comandos do partido, isso acabaria de vez. Calcula-se, pois, que Rio queira acabar com a liberdade de opinião dos seus militantes e que os deverá expulsar do partido se estes não escreverem pela nova cartilha oficial. Creio que Estaline não pensaria de modo muito diferente, embora o ditador comunista resolvesse a questão com a morte dos seus detratores.

Rio não pensa, obviamente, assim, mas promete “acabar” com o forrobodó dos seus camaradas. E aqui coloca-se uma questão curiosa: atendendo a que Pacheco Pereira é um dos ideólogos de Rio, como irá reagir o novo líder às diatribes do seu amigo quando estas surgirem? É que Pacheco tem-se destacado por ser um dos principais opositores dos presidentes do seu partido e não perdeu, até agora, uma oportunidade para desancar nas lideranças do PSD. Passos Coelho passou as passas do Algarve com a troika, mas o mais livre pensador laranja nunca lhe deu descanso. Santana quis avançar para a liderança do partido e Pacheco Pereira desenterrou uma suposta conversa com anos em que o primeiro lhe terá sugerido a criação de um partido para lutar contra o PSD.

Posto isto, não será de estranhar que o democrata Rui Rio tenha muita matéria para se preocupar durante a semana e que até Marques Mendes venha a cair sob a alçada disciplinar da nova direção. A não ser que Mendes amaine as críticas ao seu partido, à semelhança de Pacheco.