Partidos sem um pingo de vergonha


A história da aprovação da lei de financiamento dos partidos é uma mancha negra na vida partidária. E tanto assim o é que teve de ser feita às escondidas para ninguém dar por ela. 


Com exceção do CDS e do PAN, todos concordaram com a possibilidade de os partidos receberem donativos sem qualquer limite e de deixarem de pagar IVA nos produtos que adquirem. Parece uma decisão de um país de uma qualquer república das bananas, mas não.

Aconteceu em Portugal e por diversas razões os partidos foram coniventes. Com que autoridade esses mesmos partidos hão de exigir aos portugueses que paguem 6 ou 23% de IVA em determinados produtos? Com que autoridade é que aprovam a proibição de particulares receberem de um amigo 2.500 euros sem os declarar? A falta de vergonha ultrapassa tudo e quando dizem que esta medida não implicará mais despesa para o Estado devem estar a gozar com todos os portugueses. Não há outra leitura possível.

Digamos que a moralidade desceu a um nível impensável, já que é sabido que alguns dos partidos estão às voltas com o pagamento de IVA e que pretendem eliminar esse problema com esta alteração legislativa. Nem vale a pena falar na Festa do Avante! ou na do Chão da Lagoa, na Madeira, festividades em que o PCP e o PSD pretendem não ter que prestar contas de IVA, nem de contribuições monetárias.

Não estão sós, como é evidente. A chico-espertice dos partidos é a mesma que os leva a calarem-se na história dos assessores e colaboradores que são pagos com ordenados bem superiores aos da média nacional. Nada como assobiarem para o lado e deixarem que a caravana passe.

Afinal, daqui a umas semanas já ninguém se vai lembrar que os partidos mudaram a lei a seu bel-prazer, apesar de continuarem a exigir ao comum dos mortais que pague os seus impostos. Se os partidos, à semelhança das câmaras, precisam de patrocinadores, que os revelem e não escondam nada. E, já agora, que paguem os impostos como os outros.