Uma taxa de desemprego histórica


O milagre do 8,8% aconteceu, ainda que este número não signifique – tal como não significaram todas as outras taxas de desemprego que eram bastante mais superiores – que só 8,8% da população em idade de trabalhar está empregada


Nem o governo nem os seus mais fervorosos adeptos acreditavam que a taxa de desemprego pudesse ficar nos 8,8%. As previsões macroeconómicas para 2017 que Centeno fez apontavam para uma taxa de desemprego de 10,4%, que refletia uma descida face aos 11,2% de 2016. O FMI, que entretanto se tinha tornado mais otimista relativamente a Portugal, previa 10,7% em 2017 contra a anterior previsão de 11,3%.

A redução da taxa de desemprego no segundo trimestre para 8,8% estava totalmente fora dos planos dos mais otimistas. A começar pelo governo. 

Há um ano, em entrevistas a este jornal, tanto a dirigente do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua como o secretário de Estado Pedro Nuno Santos mostravam-se hipercontidos perante a pergunta: “Se não conseguir diminuir a taxa de desemprego num prazo razoável, para que serviu então a geringonça?”

Era óbvio que era este indicador o decisivo para o sucesso da solução governativa. 

Mariana Mortágua respondia assim: “Obviamente que o nosso objetivo é criar emprego. Falar em criar emprego é fácil, criar emprego não é assim tão fácil. Mas para além da criação de emprego é preciso que os empregos sejam estáveis, as leis respeitem os trabalhadores, que haja um combate sério à precariedade e aos baixos salários. E isso pode não se traduzir hoje em criação de empregos; no futuro irá traduzir-se na criação de um emprego mais digno. A precariedade causa desemprego no médio e longo prazo.” 

Pedro Nuno Santos dizia mais ou menos o mesmo. A cautela era perfeitamente normal. 

Mas o milagre do 8,8% aconteceu, ainda que este número não signifique – tal como não significaram todas as outras taxas de desemprego que eram bastante mais superiores – que só 8,8% da população em idade de trabalhar está empregada. O indicador de subutilização do trabalho, que passou a ser divulgado agora pelo Instituto Nacional de Estatística, revela que essa realidade corresponde a mais de 16% da população. E é para esses que é preciso também olhar.


Uma taxa de desemprego histórica


O milagre do 8,8% aconteceu, ainda que este número não signifique – tal como não significaram todas as outras taxas de desemprego que eram bastante mais superiores – que só 8,8% da população em idade de trabalhar está empregada


Nem o governo nem os seus mais fervorosos adeptos acreditavam que a taxa de desemprego pudesse ficar nos 8,8%. As previsões macroeconómicas para 2017 que Centeno fez apontavam para uma taxa de desemprego de 10,4%, que refletia uma descida face aos 11,2% de 2016. O FMI, que entretanto se tinha tornado mais otimista relativamente a Portugal, previa 10,7% em 2017 contra a anterior previsão de 11,3%.

A redução da taxa de desemprego no segundo trimestre para 8,8% estava totalmente fora dos planos dos mais otimistas. A começar pelo governo. 

Há um ano, em entrevistas a este jornal, tanto a dirigente do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua como o secretário de Estado Pedro Nuno Santos mostravam-se hipercontidos perante a pergunta: “Se não conseguir diminuir a taxa de desemprego num prazo razoável, para que serviu então a geringonça?”

Era óbvio que era este indicador o decisivo para o sucesso da solução governativa. 

Mariana Mortágua respondia assim: “Obviamente que o nosso objetivo é criar emprego. Falar em criar emprego é fácil, criar emprego não é assim tão fácil. Mas para além da criação de emprego é preciso que os empregos sejam estáveis, as leis respeitem os trabalhadores, que haja um combate sério à precariedade e aos baixos salários. E isso pode não se traduzir hoje em criação de empregos; no futuro irá traduzir-se na criação de um emprego mais digno. A precariedade causa desemprego no médio e longo prazo.” 

Pedro Nuno Santos dizia mais ou menos o mesmo. A cautela era perfeitamente normal. 

Mas o milagre do 8,8% aconteceu, ainda que este número não signifique – tal como não significaram todas as outras taxas de desemprego que eram bastante mais superiores – que só 8,8% da população em idade de trabalhar está empregada. O indicador de subutilização do trabalho, que passou a ser divulgado agora pelo Instituto Nacional de Estatística, revela que essa realidade corresponde a mais de 16% da população. E é para esses que é preciso também olhar.