O ditador Maduro e a inteligência do governo


A Venezuela tem à frente dos seus destinos um ditador que tudo fará para se manter no lugar. Não há dúvidas quanto a isso. Quer esvaziar todo o poder da oposição, que teve mais votos nas urnas, e usa a tropa para se perpetuar no poder. Parece-me óbvio…


Mas uma coisa são comentários de jornalistas ou de quem quer que seja, outra são declarações oficiais de governantes de outros países. No caso em apreço, o governo português esteve muito bem em estar em sintonia com o resto da Europa, que não reconhece a Assembleia Constituinte – uma farsa criada por Nicolás Maduro –, mas não se alongou sobre os problemas internos da Venezuela.

Existem milhares de portugueses no território e é bom que haja bom senso no que se diz. “Não ultrapassamos etapas e definimos sempre a nossa posição, o nosso falar e o nosso silêncio a partir da pergunta principal: o que ajuda mais e o que prejudica mais a nossa comunidade portuguesa e luso-venezuelana que reside na Venezuela. Não faço nada que prejudique e faço tudo o que possa ajudar”, disse, e bem, Augusto Santos Silva.

O problema da política nacional é que os discursos variam consoante se está no poder ou na oposição. Quando, há uns anos, aconteceram confrontos em Angola entre manifestantes da oposição à governação de José Eduardo dos Santos e as forças policiais, o PS não teve essa cautela, e na época viveriam mais de 500 mil portugueses no território… Quem trabalha nesses países é que sofre as consequências das diatribes de alguns políticos. Os governantes não podem comportar-se como comentadores e devem perceber que a hipocrisia faz parte do jogo.

As manobras de bastidores são outra coisa, mas nenhum governo no seu perfeito juízo deve ir contra os cidadãos do seu país que escolheram outra nação para refazer a sua vida. Se assim fosse, teriam de estar todos os dias a dizer mal da Venezuela, do Brasil, da Arábia Saudita, da Rússia, entre tantos outros países. É triste, mas é a vida.