Mortos em Pedrógão. Direita já pensa em moção de censura

Mortos em Pedrógão. Direita já pensa em moção de censura


Dúvidas sobre número de mortos em Pedrógão geram críticas ao governo. Marcelo pressionado a agir. Galamba acusa “jornais a fingir”.


Depois de i publicar uma lista reunida pela sociedade civil  que apresenta mais vítimas do que a contagem oficial do governo e que o “Expresso” ter avançado que os 64 mortos do incêndio em Pedrógão Grande não incluía todas as vítimas do incêndio, os partidos reagiram.

Ao que o i apurou, os partidos da oposição já pensam em avançar com uma moção de censura ao governo caso se confirme que a lista de vítimas mortais não foi apresentada com total transparência. “Mas caso isto continue o assunto não diz só respeito aos partidos que se sentam no parlamento. O presidente da República também terá de ter uma palavra a dizer”, diz um deputado da oposição ao i.

À esquerda, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, defendeu este fim de semana que “o país tem de conhecer exatamente a dimensão da tragédia” de Pedrógão, porque nenhuma vítima “pode deixar de ser lembrada”.

Para o primeiro-ministro, todavia, a sensação é diferente: este sábado, António Costa declarou que “isso já está tudo esclarecido pela Autoridade Nacional da Proteção Civil e pelo Ministério da Justiça”.

Teresa Morais, vice-presidente do Partido Social Democrata e deputada eleita pelo distrito de Leiria, aponta que “não pode haver por parte do governo uma gestão política da informação acerca do que aconteceu, como não pode haver por parte dos partidos em geral um objetivo de especulação ou atitude de combate político”.

Morais adianta ainda que “o governo devia ser o primeiro interessado em clarificar esta situação” e, nesse sentido, defende que “está na hora de ser divulgada a lista oficial de nomes das vítimas”.

Assunção Cristas, presidente do CDS-PP, veio este fim de semana insistir que “é preciso esclarecer tudo” sobre a catástrofe e que “informações como estas não nos ajudam a restabelecer a confiança no governo”.

Deputados do grupo parlamentar do PCP contactados pelo i optaram por não prestar declarações sobre o tema. Sendo que a assessoria de imprensa do partido informou que não haveria reações.

Na página oficial do Ministério da Administração Interna na rede social Twitter foi publicado um breve esclarecimento: “Pedrógão Grande: 64 vítimas mortais, é este o número validado pelas autoridades competentes. A lista das vítimas está [em] segredo [de] justiça”.

As mortes, de acordo com a Autoridade Nacional da Proteção Civil, foram contabilizadas pelos critérios de morte “direta”, isto é, por “inalação de fumo” ou “queimaduras”. O que, pela lógica, excluiria as vítimas de atropelamento da EN236 – noticiadas em primeira mão a 19 de junho –, assim como os mortos em acidentes de viação em fuga do incêndio.

João Galamba, porta-voz do Partido Socialista, acusou o “Expresso” de “brincar aos jornais a fingir” e não se revelou contactável para esclarecer o seu ponto de vista sobre as investigações mencionadas.

 

Escândalo político

Sérgio Azevedo, por outro lado, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, assina hoje um artigo no i em que afirma que a “investigação ao número de mortes na tragédia de Pedrógão Grande, lançada pelo jornal Expresso e confirmada pelo jornal i, é talvez, a confirmar-se, o maior escândalo político que alguma vez assistimos e vem confirmar os relatos contraditórios que vão subsistindo desde aquele fatídico dia”.