Isto é: deve ter encomendado um estudo a questionar os munícipes do bastião comunista sobre quais as suas principais preocupações. Não é preciso ser um génio para concluir que esse estudo deve ter dito que algumas comunidades de ciganos são a principal preocupação de quem vive em Loures. E aqui é que está um dos problemas: tomar a parte como um todo.
Se há quem não cumpra a lei, a maioria cumpre. A outra inquietude é, obviamente, a falta de transportes. Quando Ventura disse ao i que os ciganos vivem num regime de exceção e que têm de ter os mesmos direitos e deveres dos restantes cidadãos, criou-se um grande alvoroço. É certo que há uma dose considerável de oportunismo e sensacionalismo. Mas já alguém se deu ao trabalho de saber se o que Ventura diz é verdade ou não? Se ocupam casas e ninguém diz nada e se andam nos transportes públicos sem pagar?
Estou perfeitamente à vontade para falar do assunto pois vivo rodeado de comunidades de ciganos e nunca tive qualquer problema, a não ser quando um tiro, resultante de uma rixa entre famílias às avessas, me entrou pela janela do oitavo andar. O seguro tratou dos estragos e nunca mais ouvi ou senti brigas nas redondezas, e já lá vão uns anos. Agora, os problemas que enfrento são outros. Parece que há quem alugue quartos no prédio e a rapaziada – que não é cigana – que os arrenda se porta mal… Mas sejamos claros: ciganos, caucasianos, africanos, muçulmanos, o que seja, devem obedecer às regras que a sociedade impõe.
Ninguém está acima dos outros e em qualquer etnia há bons e maus. Se não existirem regras, a vida em comunidade torna-se um inferno. Quando existia o Casal Ventoso, ninguém acusou o presidente da câmara que acabou com aquele flagelo de racismo. E não eram os ciganos que lá estavam…